Paulo Pimentel assume e promete a reunificação da Copel

Reunificar a Copel (Companhia Paranaense de Energia) – dividida em 2001 pelo governador Jaime Lerner em cinco empresas subsidiárias (Geração, Transmissão, Distribuição, Participações e Telecomunicações) será a primeira meta do novo diretor-presidente da empresa, o ex-governador Paulo Cruz Pimentel. Ao ser empossado no cargo ontem, ele reafirmou as promessas de campanha do governador Roberto Requião, de revisar os contratos irregulares das parcerias da Copel e a adoção de políticas de redução de tarifas para atrair empresas, além de energia gratuita para famílias de baixa renda.

“A Copel está complicada em termos administrativos”, afirmou Pimentel, lembrando que até setembro do ano passado a empresa registrou prejuízo de R$ 70 milhões. O novo presidente da companhia prometeu estudar cada um dos 26 projetos de participação da Copel em andamento. “Não podemos manter a empresa deficitária, sem perspectiva de lucro”, declarou. Numa das parcerias em que a Copel tem 30% de participação, não há nenhum funcionário da empresa, exemplificou. De acordo com o novo presidente, “a cirurgia plástica será rápida para colocar a Copel com a cara do Requião, com eficiência e serenidade”.

O governador Roberto Requião disse que “Paulo Pimentel vai reorganizar a Copel, acabar com as associações irregulares e fazer com que ela volte a ser a melhor empresa pública do setor”. Ele informou que os advogados do Estado já estão analisando dois contratos do tipo “take or pay” (pegue ou pague) feitos pelo governo anterior, que ele considera “criminosos” e que deverão ser encaminhados ao Ministério Público Estadual.

Requião citou o contrato da Copel com a Usina Termelétrica de Araucária, que não foi homologado, pela qual a energética paga U$ 42 o megawatt-hora comercializado no mercado aberto (spot) a R$ 4. O governador denunciou também o contrato com a Cien da Argentina, que não tem registro, pelo qual a empresa paga U$ 28 o megawatt-hora e vende no mercado livre a R$ 4. “Se essas questões não forem resolvidas, a Copel não agüentará o prejuízo”, salientou.

O projeto de reunificação da Copel será encaminhando nos próximos dias para aprovação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Segundo Pimentel, o objetivo da medida é a redução de custos. A energia vendida pela Copel Geração para São Paulo passa antes pela Copel Distribuição, com ônus, exemplificou. Já o excedente de energia é repassado para a Tradener – da qual a Copel é acionista minoritária. Outra medida que vai conter as despesas é a verticalização da diretoria. “A redução das diretorias (de 24 para 5) já é uma enorme economia”, salientou Pimentel.

Diretoria e conselhos

A diretoria empossada ontem é composta por: Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni (Planejamento), Gilberto Serpa Grieblier (Administração e Participações), Ronald Thadeu Ravedutti (Finanças e Relações com Investidores), José Ivan Morozowski (Marketing) e Assis Corrêa (Relações Institucionais). Dois cargos da diretoria estão em aberto e serão ocupados dentro de um ano por funcionários da empresa, conforme prevê o estatuto.

O engenheiro civil Ary Veloso Queiroz presidirá o Conselho de Administração, que tem como membros ainda Paulo Cruz Pimentel, o ex-deputado estadual Acir Pepes Mezzadri, o presidente do Crea/PR, Luiz Antônio Rossafa, o presidente do Senge/PR e do IAP/PR, Lindsley da Silva Rasca Rodrigues e o presidente da CUT/PR, Roberto Antônio Von der Osten. Os novos integrantes do Conselho Fiscal são: Paulo Roberto Trompczynski, Maurílio Leopoldo Schmitt e Élzio Batista Machado. Os suplentes são: Nelson Pessuti, Moacir José Soares e Antônio Rycheta Arten.

Empresa ajudou integração do Estado

Fabiane Prohmann

Em seu discurso de posse, Paulo Pimentel lembrou das dificuldades pelas quais a empresa passou desde sua inauguração, durante o governo Ney Braga. “Conheço a Copel desde seu início. Quando ingressei na vida pública ela dava seus primeiros passos. Quando assumi a Secretaria de Agricultura ela começava a arribar, o Paraná não tinha energia. Governei o Estado em uma fase melhor, mas no meu governo construímos três hidrelétricas, incluindo a conclusão da Capivari Cachoeira”, lembrou.

De acordo com Pimentel a importância da Companhia não ficou restrita à distribuição de energia. “A Copel prestou o maior serviço histórico ao Paraná, quando unificou o Estado. No meu governo também coloquei a Telepar neste caminho. O espírito da Copel foi transferido para a Telepar”, contou.

Segundo o novo diretor presidente sua meta será fazer a empresa crescer ainda mais. “Comandar a Copel é uma missão difícil, mas vamos transformá-la na mais invejável administração do país”, afirmou. Citando a promessa de campanha do governador Roberto Requião de fornecer energia e água gratuita a famílias que recebem até R$ 80,00, Paulo Pimentel afirmou que esta é uma das suas prioridades. “O Requião quer que amanhã mesmo a Copel mude de rumo, que volte ao que era antes. Ele quer que a Copel dê resultados e que atenda os mais necessitados com energia elétrica gratuita, e vamos fazer isso”.

O presidente não soube precisar quando as famílias de baixa renda serão beneficiadas, mas disse que será em breve. “Esta é uma exigência social do novo governador. Há quem critique, mas vamos fazer mesmo assim, e com um esforço extra ela passará a vigorar no menor espaço de tempo possível”, disse.

Pimentel também afirmou que os preços das tarifas deverão cair, e considerou abusivo o aumento de até 30% previsto pelo Banco Central. Outra situação que está sendo estudada para breve é o plano de cargos e salários dos funcionários. “Já li pilhas de três metros de papel sobre a Copel, e o plano de cargos e salários está em pauta. Mas por enquanto estamos aguardando o resultado de uma auditoria que está sendo feita, para então definirmos metas”.

Verticalização

Na única posse em que esteve presente, o governador Roberto Requião afirmou que não poderia ter feito escolha melhor para a presidência da Companhia. “Ele foi um dos governadores que mais investiu no sistema elétrico. Minha confiança no Paulo Pimentel é absoluta. A Copel é hoje uma empresa leve, e os funcionários são os melhores e mais qualificados do Brasil. Cínico foram o governo e os dirigentes, que tentaram jogar a Copel no lixo”. Mas fez uma severa crítica à passividade do corpo funcional da empresa diante da tentativa fracassada do governo Lerner de privatizá-la.

O governador também revelou as metas para os próximos dias. “Amanhã a Copel será verticalizada, cinco novos diretores assumem e o Paulo Pimentel irá enviar à Aneel a decisão do governo do Estado de verticalizar a empresa”, adiantou. Lembrando a tentativa de privatização no governo passado, Requião afirmou que dois motivos impediram sua venda. “A Copel não foi vendida pela garra do movimento social e pela desgraça do atentando ao World Trade Center, nos Estados Unidos. Foi o atentado que suspendeu o processo”, opinou.

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