O empresário Paulo Octávio responsabilizou o DEM, partido do qual pediu desfiliação esta tarde, pela sua decisão de renunciar ao cargo de governador do Distrito Federal. O DEM pediu aos seus filiados que abandonassem os cargos que ocupavam no governo do DF logo após o governador licenciado José Roberto Arruda (ex-DEM) ter sido preso pela Polícia Federal por obstrução das investigações sobre o esquema de corrupção local. Em carta-renúncia, Paulo Octávio alega que a indisposição dos outros partidos em fazer parte de um governo de “coalizão” também foi determinante para a renúncia.
“Permanecer no cargo, nas circunstâncias que chamei de excepcionais, exigiria a criação de condições também excepcionais. Imprescindível contar com apoio político suprapartidário para que todas as forças vivas do DF, juntas, pudessem superar a perspectiva de intervenção federal”, afirma Octávio. “E, não menos importante, teria que receber respaldo de meu partido”, continua.
“Nenhuma dessas premissas se tornou realidade e, acima de tudo, o partido a que pertencia solicitou a seus militantes que deixem o governo. Sem o apoio do DEM, legenda que ajudei a fundar no Distrito Federal, e a qual pertenci até hoje, considero perdidas as condições para solicitar respaldo de outros partidos no esforço de união por Brasília”, afirma o empresário.
Paulo Octávio afirma ainda que “desdobramentos recentes” o levaram a tomar a decisão de sair do governo, provavelmente se referindo à aprovação da abertura de processo de impeachment contra ele e Arruda na Câmara Legislativa. “Não há sentido em aprofundar uma gestão nessas circunstâncias”, afirma. “Não posso, nem devo, contribuir de nenhuma maneira para gerar desagregação e desassossego para o brasiliense”, continua.
Sem partido, Paulo Octávio não poderá concorrer a cargo eletivo nas eleições de outubro. Ao renunciar ao governo do Distrito Federal, Octávio, empresário do ramo imobiliário em Brasília, também atende ao apelo da família para que deixasse a vida pública para não ver atingida sua vida empresarial. “Quanto a mim, deixo o Governo, saio da cena política e me incorporo às fileiras da cidadania”, conclui a carta.