O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, mudou nesta quarta-feira (9), em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, a versão sobre a doação do apartamento para a ONG Meu Guri pelo ex-consultor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) João Pedro de Moura, apontado pela Polícia Federal como um dos principais envolvidos em esquema de desvio de recursos da instituição. A ONG é presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho. O depoimento de Paulinho começou ontem, foi suspenso por causa dos trabalhos no plenário, e prosseguiu nesta quarta.
Para justificar o depósito de R$ 37,5 mil de Moura para a ONG, o deputado contou que o pagamento foi resultado de uma negociação envolvendo um imóvel de cerca de R$ 80 mil. Segundo ele, o imóvel doado não foi vendido pela entidade e acabou somando dívidas de condomínio e impostos atrasados. Na versão de Paulinho, Moura resolveu comprar de volta o apartamento por R$ 37,5 mil, porque a ONG não podia reverter legalmente a doação. Nesta quarta-feira Paulinho afirmou que, na verdade, foi feita uma procuração para que Elza, presidente da entidade, vendesse o imóvel e, com isso, reforçasse os recursos da entidade. "Foi um termo de cessão para a venda. Ele fez uma procuração para que a minha mulher vendesse o apartamento", afirmou Paulinho.
O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) não se convenceu da explicação. "O apartamento não explica essa coisa (depósito de R$ 37,5 mil). O apartamento continuou no nome dele (Moura), a dívida era dele, bastava romper a procuração. Não entendi porque esse apartamento entrou no rolo", afirmou o deputado. O parlamentar disse achar estranho a dificuldade na venda do apartamento, porque, segundo ele, basta abaixar o preço do imóvel para aparecer algum comprador.
"Equívoco"
Paulinho disse que o apartamento entrou na negociação porque o dinheiro de uma eventual venda seria revertido para as crianças atendidas pela ONG Meu Guri, e Moura não podia deixar a entidade sem o dinheiro. "Não era justo que ele pegasse o apartamento de volta. Foi uma compensação", argumentou Paulinho.
O advogado do deputado, Leônidas Scholz, afirmou que Paulinho se equivocou no depoimento de ontem e que não houve doação com escritura do imóvel. "Houve um equívoco técnico-jurídico", disse. O relator não considerou uma contradição de Paulinho, mas disse que essa operação do apartamento ainda não está bem explicada. Paulinho voltou a negar, na continuidade do depoimento hoje, qualquer envolvimento no suposto esquema de desvio de dinheiro do BNDES.
