Legenda criada para abrigar Jair Bolsonaro como candidato à Presidência da República, o Patriota agoniza e vive o drama de não ter superado a cláusula de barreira. E a culpa, segundo o presidente nacional do Patriota, Adilson Barroso, é do ex-presidenciável Cabo Daciolo.
A norma foi incluída na legislação eleitoral para estabelecer regras para que partidos tenham acesso a recursos do Fundo Partidário e tempo de rádio e TV. O critério para acessar ao fundo a partir do próximo do ano é o desempenho que os partidos tiveram nas eleições deste ano para Câmara. O Patriota elegeu cinco deputados federais. Era necessário eleger ao menos nove deputados ou ter alcançado 1,5% dos votos válidos em nove estados. Pela conta do presidente, o partido, que obteve 1,4 milhão de votos, precisava de mais 50 mil.
O Patriota recebeu de fundo partidário em 2017, quando ainda se chamava Partido Ecológico Nacional (PEN), cerca de R$ 6 milhões. A legenda mudou de nome para receber Bolsonaro. Barroso chegou a posar para foto ao lado do capitão da reserva e seu grupo político. O próprio Bolsonaro assinou um compromisso de filiação. Mas o “casamento” não vingou. De fundo eleitoral, o Patriota recebeu R$ 10 milhões este ano.
E Barroso elegeu um culpado pelo fato de o partido não ter superado a cláusula de barreira para o próximo ano: o ex-presidenciável Cabo Daciolo. O presidente do partido, faltando duas semanas para o primeiro turno, defendeu a renúncia da candidatura de Daciolo e que ele fosse tentar a reeleição para a Câmara, com perspectiva de vitória. Mas o presidenciável não abriu mão.
A votação de Dacíolo para deputado poderia ter salvado o partido. “Mas ele insistiu com essa candidatura a presidente. Achava que orando no monte poderia se eleger. Nos prejudicou”, disse Barroso. “Como candidato a deputado alcançaria os 50 mil votos que nos faltaram.”
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O dirigente também critica Dacíolo por não ter feito campanha para os candidatos do partido a outros cargos, como deputado federal. O candidato foi uma das atrações desta eleição. Terminou o primeiro turno em sexto lugar, à frente de Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos) e de Guilherme Boulos (PSOL).
Procurado pela Gazeta do Povo, Daciolo disse na quarta-feira (17) que o resultado da eleição mostrou a convicção de sua candidatura e acusou o partido de tê-lo abandonado. “O que se deu foi o contrário. O partido me abandonou. Errou ao não me apoiarem”, disse o ex-presidenciável.
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