O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, confirmou que conversará com o chanceler venezuelano, Elías Jaua, sobre a participação do embaixador do país Maximilien Arveláiz em um ato em defesa do PT e com críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão. Apesar de ressalvar que esse assunto não estará no centro das conversas com Jaua, Patriota afirmou que “poderá ser levantado”, já que foi tratado em manifestações de parlamentares.
O ministro, no entanto, negou que haja um mal-estar com a Venezuela por conta dos atos de Arveláiz. “Entre nações amigas não há constrangimentos”, afirmou. Apesar da negativa, a participação do embaixador em um evento que terminou sendo em defesa do ex-deputado José Dirceu e onde foram feitas críticas duras ao STF, incomodou o Itamaraty. Foge ao padrão da diplomacia internacional embaixadores assumirem lados em assuntos internos de um país. Além disso, senadores terminaram por cobrar de Patriota explicações pelos atos do embaixador venezuelano. Seria de praxe, na ações diplomáticas, chamar o embaixador ao Itamaraty para tratar do tema.
A decisão, no entanto, foi de levar o assunto para ser tratado com Jaua, já que o encontro entre os dois chanceleres já estava marcado e foi avaliado que o assunto, delicado, seria melhor conversado no nível mais alto da diplomacia. No dia seguinte às manifestações dos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Pedro Taques (PDT-MT) sobre sua participação no ato, Arveláiz divulgou uma nota em que diz ser parte das suas atribuições conhecer todos os acontecimentos políticos no país onde está trabalhando e que recebe e aceita todos os tipos de convites. Alegou, ainda, que o ato era sobre “realizações do governo federal no Brasil” – na verdade, o ato em defesa do PT. O embaixador afirmou ainda que as críticas feitas pela oposição são uma “coerção da representação diplomática da Venezuela e de uma tentativa imprópria de usar um país irmão para disputas políticas internas”.