Patriota nega apoio a condenações duras contra Síria

O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Joseph Deiss, pressionou hoje o governo brasileiro para apoiar a resolução do Conselho de Segurança contra a Síria. Ouviu do chanceler brasileiro, Antonio Patriota, que a posição do Brasil está decidida e não haverá apoio a uma proposta dura e que não tenha consenso entre os membros do Conselho.

Em visita ao Brasil, na tarde de hoje, Deiss pediu a Patriota a colaboração do Brasil, sob a alegação de que as Nações Unidas não podiam deixar de se manifestar ante a violência patrocinada pelo presidente sírio Bashar Al-Assad. Ouviu de Patriota a defesa da alternativa apresentada pelo Brasil, a de que seja feita uma declaração presidencial do Conselho condenando os ataques aos manifestantes e exigindo de Assad a implementação de mudanças.

A avaliação do Itamaraty é que uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) com condenações duras a Assad – mesmo que sem sanções, como a patrocinada pelos países europeus – pode acuar o presidente sírio e piorar a situação. Essa é a mesma posição de outros países, como Rússia e China, contrariados com o rumo que a intervenção na Líbia tomou depois que o CS aprovou uma resolução que permitia os ataques aéreos a Muamar Kadafi.

Patriota tem conversado sobre a possibilidade de uma declaração presidencial com outros chanceleres de países atualmente membros do Conselho – 15 no total, incluindo os cinco permanentes com direito a veto Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China – e os apoios teriam avançado. A Rússia já declarou que vetaria a resolução, caso seja colocada em votação, mas apoiaria a declaração presidencial. Entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), essa é a posição mais próxima de um consenso. O Reino Unido já declarou que acha possível conversar sobre a proposta.

Uma declaração presidencial é um tom abaixo de uma resolução. Soa, ao país envolvido, como uma advertência. No entanto, não pode ser votada ou vetada. Precisa ser adotada por consenso entre os 15 membros, permanentes e não permanentes. Até agora, a proposta brasileira não é consenso e nem mesmo tem um texto, mas o Itamaraty espera evoluir nos próximos dias.

Já a resolução, apoiada especialmente pelos europeus, teria, de acordo com o governo francês, nove dos 15 votos. No entanto, se Rússia e China vetarem a proposta, como ameaçam fazer, ela não entra em vigor.

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