As más condições estruturais da Refinaria de Pasadena, comprada pela Petrobras nos Estados Unidos, renderam chacotas dentro da própria estatal. O novo delator da Operação Lava Jato, o engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho, afirmou que internamente Pasadena era conhecida como ‘ruivinha’. A compra da refinaria é um dos alvos da Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira, 16.
“A refinaria de Pasadena passou a ter internamente o apelido de “ruivinha” por causa dos inúmeros equipamentos e estruturas que se encontravam enferrujadas”, declarou o executivo à força-tarefa da Lava Jato.
A compra da refinaria de Pasadena é um caso emblemático da corrupção instalada na Petrobras. Segundo o Tribunal de Contas da União, a compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões.
Entre fevereiro de 2003 e fevereiro de 2008, Mônaco foi assistente do Diretor da Área Internacional da Petrobras. O executivo era homem de confiança do então diretor que comandava o setor, Nestor Cerveró.
Em seu termo de colaboração número 1, Mônaco relatou que no fim de 2004 recebeu determinação de Nestor Cerveró para localizar refinarias de petróleo que estivessem à venda nos Estados Unidos para compra pela Petrobras. Segundo ele, na época era parte do plano estratégico da companhia o escoamento da produção excedente de petróleo para o exterior.
Agosthilde Mônaco de Carvalho afirmou que em janeiro de 2005, durante um telefonema com o presidente da Astra Oil Alberto Failhaber, então proprietária de Pasadena, soube que a empresa tinha acabado de adquirir a refinaria e teria interesse em revendê-la.
“Nesta ligação o Sr. Alberto Failhaber, perguntado sobre as condições da refinaria, disse que a mesma precisava “tomar um banho de loja” para ficar nos padrões de qualidade técnica da Petrobras, uma vez que ela foi comprada na “bacia da almas”, posto que o antigo proprietário (CROWN), por problemas financeiros, quase não mais investia em manutenção preventiva, os equipamentos estavam desgastados e mal conservados, tinham problemas de segurança operacional, a mão de obra desmotivada e, principalmente, sem crédito para aquisição de óleo, matéria-prima operacional”, declarou.
O braço-direito de Cerveró afirmou à força-tarefa da Lava Jato que uma comissão visitou a refinaria de Pasadena para avaliação. “Nesta visita, ocorrida entre os dias 29 a 31 de março de 2005, verificou que a mesma realmente encontrava-se em péssimas condições de conservação, se comparada às refinarias brasileiras e que seriam necessárias várias reformas na Refinaria para que ficasse em boas condições; que todos os membros da comissão observaram que a Refinaria não estava em boas condições; que foi elogiada a localização física, mas não a condição operacional da Refinaria; que ao retornar ao Brasil comunicou esses fatos ao Diretor Nestor e recebeu a mesma informação, “não se meta, Mônaco, isso é coisa da Presidência”.