Se depender do ritmo de atuação dos comitês financeiros dos partidos, eles terão pouco a mostrar à justiça eleitoral no próximo dia 6 de agosto, quando terão que fazer a primeira prestação de contas desta campanha. A burocracia na liberação do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) e na abertura das contas de campanha está atrasando o início do processo de arrecadação de fundos.
A maioria dos partidos ainda não começou a "passar a sacolinha" para financiar suas ações de campanha, mas já sabem que os contribuintes estão mais ariscos do que antes. O coordenador financeiro da campanha do governador Roberto Requião (PMDB), Milton Buabssi, afirmou que somente na próxima semana é que estarão prontos para iniciar a busca às doações. "Até agora estávamos envolvidos com a burocracia e em saber como funciona a legislação este ano", justificou Buabssi. Ele observou que, mesmo depois do escândalo do mensalão e das denúncias de caixa 2 de campanhas, foram poucas as alterações nas regras.
Escaldado pelas acusações do ano passado, o PT ainda está se preparando para pedir apoio financeiro à campanha ao governo de Flávio Arns. "Não começamos ainda. Estávamos tratando da abertura das contas", justificou o coordenador-geral das finanças das campanhas proporcional e majoritária, Pedro Paulo Costa.
Ele está programando uma reunião com os candidatos do partido para definir uma agenda financeira. "Vamos fazer essa conversa e tirar as dúvidas sobre o que pode e o que não pode", disse Pedro Paulo. Na semana passada, o partido já realizou um seminário em Curitiba para orientar os candidatos e assessores sobre a aplicação da legislação atual, na área financeira e de propaganda.
Dificuldades
O senador Osmar Dias, candidato do PDT ao governo, disse que essa será uma área penosa da campanha. Osmar afirmou que não tem talento para a função de arrecadador e que os responsáveis por esse setor na sua campanha adiantaram que o "mar não está para peixe" no quesito doações. "É natural. Todos estão sentindo o reflexo da falta de recursos e estão também apreensivos com o que aconteceu", disse o senador.
Osmar avalia que os tradicionais colaboradores de campanha estão mais resistentes aos pedidos e que, este ano, todo cuidado é pouco, tanto para quem doa como para quem recebe. "Ainda há um pouco de confusão em torno da legislação sobre o que pode e o que não pode. E a maioria das pessoas e os candidatos estão querendo fazer tudo como a lei manda", disse.
Na coordenação de campanha do candidato do PPS ao governo, Rubens Bueno, o trabalho de busca de fundos já está mais adiantado. O coordenador-geral da campanha, Rubico Camargo, afirmou que não tem tido grandes dificuldades em pedir dinheiro para a campanha. "Há uma boa vontade com a campanha do Rubens e, além disso, nós trabalhamos com pequenos doadores, a maioria de profissionais liberais, que já nos ajudaram em outras campanhas. Mas é claro que as pessoas estão mais cuidadosas e para nós isto é uma boa notícia", disse Camargo. Além de dinheiro em espécie, o PPS está recebendo ajuda em materiais de campanha, citou. "A economia está parada e isso também reflete. É claro que estamos gastando mais do que estamos arrecadando", comentou o coordenador de Bueno.