Foto: João de Noronha/O Estado |
Buabssi: ?É uma questão de ética e de estratégia?. continua após a publicidade |
Os comitês financeiros dos candidatos a governo do Estado que mais arrecadaram recursos para a campanha eleitoral não vão identificar o nome dos doadores de recursos antes do prazo legal estipulado pela Justiça Eleitoral. Os motivos alegados pelos comitês do governador licenciado Roberto Requião (PMDB), de Rubens Bueno (PPS) e dos senadores Osmar Dias (PDT) e Flavio Arns (PT), para que não divulguem os nomes dos financiadores, vão desde a preservação da identidade deles até argumentos mais simplistas, como o estrito cumprimento das regras eleitorais. Após o término das eleições, os partidos têm 30 dias para entregar a declaração com a lista dos financiadores de campanha.
O coordenador do financeiro de campanha de reeleição de Requião, Milton Buabssi, explicou que se os nomes dos financiadores forem identificados antes do prazo, os candidatos concorrentes podem usar a lista contra os próprios doadores, como argumento para conseguir recursos. ?Se eu divulgo o nome dos doadores, os outros candidatos vão para cima deles tentar conseguir recursos. É uma questão de ética e de estratégia?, disse.
Foto: Evandro Monteiro/O Estado |
Bernardi: ?No dia seguinte vai haver retaliação aos doadores?. |
Buabssi acredita que o fato de os eleitores só conhecerem a identidade dos doadores de campanha ao final das eleições não interfere na escolha dos candidatos. Para ele, os eleitores decidem seus votos com base nas propostas e nos programas dos candidatos, não sendo relevante o conhecimento dos grupos que financiam as eleições. Na segunda prestação parcial de contas dos candidatos, ocorrida no início deste mês, o PMDB declarou ter arrecadado R$ 3.161.0196,83 e a previsão do comitê financeiro é que se chegue a R$ 5 milhões até o final da campanha.
O tesoureiro da campanha de Osmar, vereador Jorge Bernardi (PDT),m também teme a perseguição dos doadores por parte dos concorrentes e por isso, segundo ele, será cumprido exatamente o que diz a legislação eleitoral. ?O detalhe é que sabemos com quem estamos lidando. Se a gente divulgar, no dia seguinte vai haver retaliação aos doadores por parte de alguns candidatos?, afirmou.
Segundo Bernardi, embora o eleitor pudesse se beneficiar caso tivesse acesso à lista dos doadores, o PDT prefere agir com cautela. A campanha de Osmar arrecadou, conforme a segunda prestação parcial de contas à Justiça Eleitoral, R$ 1.163.612,24.
O presidente do comitê financeiro da campanha de Bueno, Jorge Gomes Rosa Filho, afirmou que o partido também não irá divulgar a sua. Ele disse que o comitê irá encaminhar esses dados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no momento oportuno, conforme determina a lei. Na prestação de contas no início do mês, a coligação de Bueno registrou que obteve R$ 108 mil, valor que o presidente do comitê financeiro espera dobrar até o final da campanha.
A assessoria de Arns também informou que o seu comitê financeiro prefere não divulgar a lista dos doadores. Segundo a assessoria do petista, dentro dos prazos legais os nomes dos financiadores serão fornecidos sem nenhum de constrangimento. Até a última prestação de contas encaminhada ao TRE, o comitê financeiro de Arns declarou ter obtido R$ 506 mil, entre doações ao partido e à candidatura ao governo do Estado.