O PMDB está em pé de guerra em Minas Gerais. Hoje, parte da executiva estadual do partido, coordenada pelo vice-presidente do diretório mineiro da legenda, deputado federal Leonardo Quintão, pediu formalmente a expulsão do ex-governador e também deputado federal Newton Cardoso do partido. Um dos políticos mais polêmicos do Estado, o ex-governador é inimigo declarado da atual direção peemedebista, além de crítico da candidatura de Quintão à Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008, e da candidatura ao governo, ano passado, do ex-senador Hélio Costa, também ligado aos atuais dirigentes.
A gota d’água da briga interna foi a denúncia de que haveria funcionários “fantasmas” na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa), dirigida pelo peemedebista João Alberto Lages. O grupo de Quintão, ao qual Lages está ligado, atribui a divulgação do caso a Cardoso. “Eu indiquei a Maria Lúcia, minha ex-mulher, para a Ceasa, mas eles querem o cargo para manter a roubalheira. (Mas) eu não denunciei nada. Foi o Ministério Público. É erro deles e estão me atacando para se defender”, afirmou o ex-governador. Lages negou a existência de “fantasmas” na Ceasa.
Porém, o caso adicionou combustível à disputa interna que já se arrasta pelos últimos anos. No pedido de expulsão, apresentado hoje durante reunião do diretório estadual, os peemedebistas acusam Cardoso de “sistematicamente” prejudicar candidatos do partido no Estado. O documento lista as candidaturas de Quintão e de Costa, além a de Ronan Tito ao governo estadual em 1990 e, em 2002, a reeleição do ex-presidente Itamar Franco, então chefe do Executivo mineiro.
Além disso, o grupo cita entrevistas recentes de Newton Cardoso, nas quais o ex-governador afirmou que a legenda é dirigida em Minas por “bandidos” e classificando como “bando” a executiva estadual. “O representado praticamente toda semana aponta sua artilharia para o diretório estadual e também aos dirigentes e lideranças partidárias”, afirma o documento encaminhado ao Conselho de Ética do partido.
O ex-governador afirma não se preocupar com o pedido. “Sou da executiva nacional e eles não podem me julgar”, afirmou Cardoso, que participou da fundação do então MDB, ainda durante o regime militar. E garante ter apoio da direção nacional peemedebista. “O Michel (Temer, vice-presidente da República e presidente licenciado do partido) já me ligou hoje. Companheiros meus estão preocupados com essa perseguição”, disse. O Conselho de Ética tem 48 horas para se pronunciar sobre o pedido de expulsão.