Novas denúncias do ex-governador do Distrito Federal (DF) José Roberto Arruda – que afirmou, em entrevista, que ajudava vários parlamentares de seu antigo partido, o DEM, e de outras legendas a captar recursos supostamente ilegais junto a empresários – causaram a imediata reação de deputados e senadores. O ex-governador deu as declarações à revista Veja que publicou a entrevista em seu site nesta quinta-feira (17).

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Arruda responde a processo na Justiça por ser acusado de ser um dos mentores de um suposto esquema de corrupção na capital brasileira que ficou conhecido como mensalão do DEM.

Em nota à imprensa, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afirma que as denúncias “são totalmente infundadas”. Segundo ele, essa entrevista foi concedida em setembro de 2010.

“Trata-se, provavelmente, de declarações de alguém profundamente magoado com parlamentares que exigiram sua saída imediata do partido por não tolerarem seu envolvimento com improbidades, algo inadmissível no Democratas”, diz Agripino Maia.

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Na entrevista, Arruda afirma que, em 2008, Agripino Maia esteve em sua casa para pedir R$ 150 mil para a campanha da então candidata à prefeitura de Natal Micarla de Sousa (PV).

O líder do partido no Senado, Demóstenes Torres (GO), que na época das denúncias exigiu publicamente a expulsão do ex-governador da legenda, afirmou que já contratou advogado para processar José Roberto Arruda. Demóstenes afirmou que só participou de reuniões partidárias com o ex-governador e nunca teve qualquer encontro pessoal com ele.

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Arruda, na entrevista, disse que Demóstenes esteve na sede do governo do DF para pedir que ele contratasse uma empresa de cobrança de contas atrasadas.

O pedetista Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou, por meio de sua assessoria, que já solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que investigue as denúncias feitas por Arruda contra ele. Cristovam acrescentou que se trata de “denúncia velha”.

O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), qualificou as declarações como “mentiras de alguém que, comprovadamente, foi flagrado em ato de corrupção”. Arruda disse que o ajudou financeiramente na campanha para a prefeitura de Salvador, em 2008. ACM Neto acrescentou, em nota à imprensa, que suas contas de campanha foram aprovadas em todas as instâncias da Justiça Eleitoral.

Quem mais subiu o tom na resposta às declarações do ex-governador foi o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Segundo Caiado, “é de se esperar uma atitude de um gangster e escroque como Arruda de tentar enlamear as pessoas que exigiram sua expulsão do DEM”. Ele confirmou que esteve presente em um encontro com o então governador do DF e 15 empresários para tratar do aumento de tarifas de ônibus na região do Entorno do DF.

Na entrevista, José Roberto Arruda afirma que o deputado goiano levou à ele um empresário do setor de transportes que queria conseguir linhas de ônibus em Brasília. “Ninguém, nesta reunião, pleiteou linha alguma, isso é uma mentira. Trata-se de uma canalhice”, afirmou Caiado. O deputado também pretende abrir processo judicial contra Arruda.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que as acusações feitas por Arruda na entrevista “são graves” por envolverem lideranças nacionais e regionais. Ele ressaltou que as investigações da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, estão em curso pelo Ministério Público e que essas novas afirmações de Arruda devem ser incorporadas ao processo.

Na entrevista, José Roberto Arruda afirma ainda que, além de ajudar financeiramente políticos do DEM, PSDB e do PDT, também colaborou com o PT de Goiás. Costa afirmou que “todos os partidos que estejam nesse processo [citados nas novas denúncias de Arruda] devem ser investigados”.