Uma comissão de parlamentares esteve nesta quinta-feira no Palácio do Planalto para cobrar explicações do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito, sobre o monitoramento de trabalhadores portuários pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin)., conforme revelado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.

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“Tem muita controvérsia aí, no primeiro momento (o governo) diz que não havia nenhum tipo de movimento da Abin em relação ao Porto de Suape e depois nós tivemos conhecimento do documento que foi considerado sigiloso, mas que veio a público de que havia realmente um movimento da Abin na direção de acompanhar o que estava acontecendo num eventual movimento grevista no Porto de Suape. Vamos, a partir de agora, procurar os esclarecimentos necessários com o general”, disse o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP) antes da audiência no GSI.

O ministro-chefe do GSI deverá comparecer à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso na próxima quarta-feira para prestar esclarecimentos sobre o monitoramento da Abin nos trabalhadores de 15 portos, com atenção especial sobre Suape, em Pernambuco.

“Acho muito preocupante e perigoso (esse monitoramento da Abin), abre um precedente perigosíssimo, na contramão do que o PT sempre fez. O PT sempre defendeu, pelo menos entre aspas, os trabalhadores e agora faz um movimento de bisbilhotagem na vida dos trabalhadores, o que é inadmissível”, criticou Macris.

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“Vamos conversar com o general e saber aquilo que está acontecendo. Se realmente existe isso, aí o Parlamento tem de tomar providências mais enérgicas, não é possível viver um momento onde a ditadura atuou muito nessa direção”, disse o deputado.

Na quarta-feira o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que o governo não é uma “ditadura” para fazer “arapongagem” de movimentos sindicais, admitindo o monitoramento da Abin por razões econômicas. “Nós não precisamos de arapongagem sobre o movimento sindical porque temos um diálogo com o movimento o tempo todo. Nós não somos um governo repressivo, da ditadura, que tem de infiltrar gente para saber das coisas”, afirmou Carvalho, ao cumprir agenda em São Paulo. “Porto é uma coisa que não pode parar. Então, era mais do que legítimo que a Abin passasse para nós as informações dos riscos”, disse o ministro.

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O governo está preocupado com a articulação de sindicalistas contrários à Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos, que estabelece um novo marco regulatório para o setor. Um dos maiores críticos à MP é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que se uniu às críticas feitas por dirigentes sindicais.