Em meio a duas CPIs – Correios e a do Mensalão e da Compra de Votos – o Paraná se sobressai em Brasília, com vários representantes. Até o momento, são sete os deputados e senadores eleitos pelo estado que têm seus nomes ligados às denúncias, seja na condição de "réus" ou de "juízes". A notoriedade nacional chegou para parlamentares, mas também para outros nomes do cenário político-partidário local.
Por enquanto, na coluna dos que integram as CPIs, estão apenas Osmar Serraglio (PMDB), Gustavo Fruet (PSDB) e Alvaro Dias (PSDB). O Paraná não entrou na composição da CPI do Mensalão e Compra de Votos, instalada mais tarde. Já entre os citados como suspeitos de envolvimento em irregularidades, o número é maior. Os deputados José Janene (PP) e José Borba (PMDB) foram os primeiros a entrar na lista de beneficiários dos saques das contas milionárias do empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do esquema de compra de votos de deputados em favor do governo. Em seguida, entrou o nome do deputado Alex Canziani (PTB). Candidato a prefeito de Londrina em 2004, Canziani é um dos deputados petebistas que estão relacionados no pedido de cassação de mandato apresentado pelo PL.
A acusação é que os deputados federais petebistas que foram candidatos a prefeito em 2004 teriam tido suas campanhas financiadas por um suposto acordo entre o PTB e o PT. Em troca do apoio dos petebistas aos seus candidatos, o PT pagaria as campanhas dos candidatos do PTB. Os recursos, segundo a denúncia do PL, não foram declarados.
Satélites
A cada novo depoimento em Brasília, novas menções aos paranaenses vão aparecendo. Entre os sem mandato, os nomes citados foram os do ex-secretário-geral do PTB do Paraná, Emerson Palmieri, que, de acordo com as revelações da CPI, teria sido um dos dirigentes petebistas que operavam o mensalão. Em nova citação de Jefferson, Palmieri aparece como acompanhante de Marcos Valério na viagem que fez a Portugal, para encontrar a direção da Telefônica de Portugal, que de acordo com a versão do ex-presidente nacional do PTB seria a fonte de recursos para o pagamento do acordo eleitoral entre petistas e petebistas. Em depoimento na Câmara Federal, Marcos Valério disse que Palmieri viajou na condição de amigo e que precisava espairecer porque estava estressado.
Também entrou para o noticiário nacional o ex-deputado paranaense Joaquim dos Santos Filho. O nome dele foi mencionado por Jefferson como o indicado do PTB para ocupar uma diretoria da Usina de Itaipu. Seria parte do suposto acordo eleitoral de 2002 entre petebistas e peemedebistas.
Respingo
A série de denúncias de Jefferson acabou tendo efeito colateral no Paraná, onde o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, passou a ser alvo de uma denúncia do Ministério Público sobre a existência de um caixa 2 na sua campanha à reeleição, em 2004. No grupo de pessoas citadas por uma ex-colaboradora de campanha do PT de Londrina, surgiram o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, londrinense e único paranaense do primeiro escalão em Brasília neste governo, e ainda Gilberto Carvalho, outro londrinense que ocupa a estratégica função de secretário particular do presidente Lula. Os adversários lançaram a suspeita de que havia uma conexão entre Londrina e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Já o paranaense a merecer a atenção da mídia nacional, mais recentemente, está morto: o ex-presidente nacional do PTB José Carlos Martinez, falecido em acidente de avião em outubro de 2003. Conforme informações divulgadas anteontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, um dos saques, no valor de R$ 200 mil, feito no Banco Rural, era destinado a uma suposta namorada de Martinez, que teria ficado com problemas financeiros após a morte do ex-deputado.
