A maioria dos dirigentes partidários no Paraná está torcendo para que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal aprove a emenda constitucional que propõe a liberdade de alianças nas eleições do próximo ano.
Na próxima terça-feira, dia 26, está prevista a votação pela CCJ de uma emenda que acaba com a verticalização das coligações, a regra que obriga o partido que tiver candidato a presidente da República a se aliar nos estados com as mesmas siglas do plano nacional.
O deputado Valdir Rossoni, presidente estadual do PSDB, que nacionalmente está rachado quanto ao tema, disse que a verticalização é uma forma de impor a fidelidade partidária. "E de forma errada. Porque a verticalização obriga os partidos a certas composições indesejáveis. E em política, nada pode ser feito por imposição", comentou o dirigente tucano admitindo, entretanto, que a sobrevivência da regra ajudaria o PSDB na composição com o senador Osmar Dias (PDT) para as eleições de 2006.
No Paraná, o PDT é um dos maiores interessados no fim da reprodução das composições nacionais. Se a verticalização permanecer, os pedetistas correm o risco de perder o senador Osmar Dias. Para garantir sua candidatura ao governo, Osmar pode se transferir para o PSDB, se o PDT lançar um candidato a presidente que impeça a aliança com os tucanos no estado. "Mas não é só por causa disso que nós somos contrários à verticalização. Na verdade, esta é uma regra que atrela o menor ao maior. É um pouco do ranço da ditadura", disse o vice-presidente estadual do partido, deputado Augustinho Zucchi.
O PMDB, que no plano nacional está dividido entre os que pregam uma candidatura própria a presidente e a ala que defende o apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Paraná, defende o fim da restrição. "Num país democrático, não se pode aceitar uma regra que foi implantada desta forma e prejudica os pequenos partidos", declarou o presidente regional do PMDB, deputado estadual Dobrandino da Silva. Para o dirigente peemedebista, as conjunturas nacional e local, na maioria das vezes, são bastante distintas e a verticalização acaba prejudicando o partido nos estados.
Nacionalmente, o PT é um dos maiores defensores da verticalização, seguindo uma lógica de que quanto menos candidatos a presidente houver, melhor para o projeto de reeleiçao do presidente Lula. Mas o presidente estadual do PT, deputado estadual André Vargas, acha que tudo é relativo. Vargas disse que a maioria do seu partido defende a manutenção da verticalização, mas que, por exemplo, vê mais chances de o PMDB se aliar ao PT na sucessão presidencial se a verticalização for derrubada. "É mais fácil ter uma aliança nacional com o PMDB sem a verticalização porque senão a lógica do partido nos estados vai acabar impedindo esta composição nacional", avaliou Vargas. Ele acredita que a medida só é eficiente para forçar a coerência partidária na hora de fazer alianças se acompanhada de outras, como a fidelidade partidária e a possibilidade de os partidos formarem federações.