O governador Roberto Requião (PMDB) descartou ontem qualquer possibilidade de abrigar o traficante Fernandinho Beira-Mar nos presídios do Paraná. Requião expôs sua posição ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que telefonou para o governador consultando-o a respeito de uma possível transferência do narcotraficante para uma prisão do Estado. Requião disse ao ministro que “não há lugar para criminosos como esse” no Estado. Para o governador, em primeiro lugar deve estar a segurança da população paranaense.
Sem saber da decisão de Requião, o deputado Rafael Greca (PFL) provocou uma polêmica na Assembléia Legislativa. Ele usou a tribuna da Assembléia Legislativa ontem à tarde para apelar aos presidentes da Casa e do Tribunal de Justiça, à líder do PT e ao governador Roberto Requião (PMDB) para que se posicionassem contra a hipótese da remoção do narcotraficante Fernandinho Beira-Mar para a penitenciária de Piraquara. Greca discordou de declarações coordenador do Departamento Penitenciário, coronel Justino Sampaio Filho, de que o sistema penitenciário do Estado está preparado para acolher bandidos dessa periculosidade.
Segundo Greca, “criminosos do narcotráfico internacional devem ser acolhidos em território federal, de preferência ilhas bem distantes de conglomerados urbanos. Não têm que ser alojados dentro da cidade mais civilizada do Brasil”. E completou ponderando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve retribuir a imensa votação que obteve no Paraná “botando um ovo de serpente logo na nascente do Rio Iguaçu”.
O líder do governo, deputado Ângelo Vanhoni (PT), ironizou a preocupação do colega, afirmando que Lula jamais teve essa intenção e que Greca, na verdade, estava mais preocupado com a segurança de sua chácara em Piraquara, onde costuma receber para jantares e outros eventos festivos seus amigos e lideranças políticas. O pefelista rebateu, qualificando de “pueril e pastoril” o argumento de Vanhoni. E reforçou que, em função das expressivas votações que já recebeu em Curitiba, para prefeito, deputado federal e deputado estadual, o credenciam a fazer a defesa de seus cidadãos: ” Se o juiz corregedor Antônio José Machado Dias, as autoridades de Presidente Prudente e o governador de Sâo Paulo tivessem pensado mais atentamente nos riscos implícitos no abrigo ao criminoso Fernandinho Beira-Mar, talvez a juíza Cristina Esher e a população daquele município paulista não estivessem hoje amargando os fatos terríveis que lá se deram”, arrematou.