O governo do Paraná reagiu ontem às declarações feitas neste final de semana em Foz do Iguaçu pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Segundo o ministro, o Estado não será declarado área livre de transgênicos porque 549 produtores de setenta municípios paranaenses assinaram termo confirmando o plantio de sementes geneticamente modificadas.
O secretário estadual da Agricultura, Orlando Pessuti, disse que o governo vai insistir em obter a reivindicação, já que o próprio presidente Luís Inácio Lula da Silva havia se comprometido com o governador Roberto Requião a atender o pedido do Paraná. O Palácio Iguaçu não confirmou as informações atribuídas a Pessuti de que o Estado estuda a possibilidade de reivindicar a declaração parcial de área livre de transgênicos. A intenção do governo estadual é que todo o Paraná seja declarado área livre dos produtos geneticamente modificados na safra 2004/2005.
O deputado federal Eduardo Sciarra (PFL) disse, porém, que com a decisão do governo só restará ao ministério decretar a intervenção federal no Estado. “Se o governador do Paraná diz que só vai aceitar a exportação de soja transgênica com a intervenção, ele está na verdade pedindo a intervenção”, justificou o pefelista, afirmando que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a lei estadual contra os transgênicos.
Ontem, o presidente da CPI dos Transgênicos, senador João Capiberibe (PSB/AP), elogiou a posição do Paraná de combater o plantio da soja transgênica no Estado. “O Paraná é um exemplo para o país. O Estado sai na frente e marca uma posição necessária num país onde prevalece a omissão e as autoridades se escondem para não tomar posição clara”, disse o senador, que esteve em Curitiba para um debate sobre o tema e, ontem, participou da reunião do secretariado com Requião.
Para Capiberibe, o Brasil não deve insistir no plantio de soja transgênica para escapar da concorrência com a soja dos EUA, que é transgênica e recebe subsídios de US$ 14 bilhões. “É uma questão de sobrevivência econômica”, justificou. “”Se nós perdermos esse embate, daqui a 10 anos vamos perder também a condição de um dos maiores produtores de soja do mundo porque não vamos poder competir com a produção americana”, advertiu.
O senador está investigando a ilegalidade do contrabando de sementes de soja transgênica no País. Capiberibe planeja denunciar as autoridades que ficaram omissas diante do problema. “A produção de soja brasileira, a maior do mundo, chegou a este nível graças à cultura da pesquisa acumulada nos últimos anos, que não pode ser desperdiçada pelo contrabando ou pela interferência de multinacionais como a Monsanto. Isso é um escândalo que posteriormente pode ser estendida para outros produtos”.
