A Paraná Esporte reagiu com ?espanto e tristeza? à matéria publicada na edição de domingo do jornal Correio Braziliense que aponta irregularidades no repasse de recursos do Ministério dos Esportes, cujo ministro é Orlando Silva (PCdoB), para a autarquia do governo do estado, comandada pelo pré-candidato do PcdoB à Prefeitura de Curitiba, Ricardo Gomyde.
Segundo a reportagem, as irregularidades ocorreram no programa Segundo Tempo, um convênio de mais de R$ 3,7 milhões entre estado e União para promover atividades esportivas para crianças no contraturno escolar. ?O programa funciona desde 2004, atende 41,6 mil crianças, foi fiscalizado e teve parecer favorável da Corregedoria Geral da União e cumpre, na íntegra, todas as metas estabelecidas junto ao governo federal?, disse a coordenadora do projeto, Zuleica Koritiak.
Segundo o Correio Braziliense, documentos obtidos pela reportagem ?revelam inconsistências e indícios de favorecimentos? no convênio firmado entre o ministério e a autarquia paranaense. A matéria informa que, contratado para um período de 10 meses, em julho de 2004, o convênio recebeu sucessivas renovações, com documentos anexados ao processo fora do prazo e com um parecer técnico, produzido em agosto de 2006, ?com uma série de aberrações administrativas?.
O Correio Braziliense publicou que as falhas no processo levaram os técnicos a recomendar uma visita ao Paraná para checar in loco como estavam os trabalhos do Segundo Tempo no estado. O relatório dessa viagem, feita entre os dias 22 e 27 de setembro de 2006, constatou que, ?embora o governo federal fornecesse recursos para a alimentação das crianças, estas não estavam recebendo lanche, a não ser que sobrasse merenda nas escolas?. E, mesmo com esse relatório, o convênio ainda foi renovado.
Sobre o problema com o lanche, Zuleica garante que nenhuma criança ficou sequer um dia sem alimentação e que a merenda da escola foi utilizada para alimentá-las enquanto a Paraná Esporte resolvia pendências com a licitação para contratar o fornecedor dos alimentos. ?As escolas e o governo do estado seguraram o programa, por conta de sua importância, mesmo quando ele estava aguardando renovação no ministério. Nunca deixamos de atender essas crianças, mesmo quando enfrentamos contratempos com a renovação ou a licitação. A contrapartida do Estado, fixada em R$ 600 mil, já superou R$ 1,6 milhão?, disse a funcionária da Paraná Esporte.
Zuleica acrescentou que ?o programa tem de ser renovado a cada ano e faremos isso quantas vezes o governo federal considerar pertinente, pois já estamos em 208 escolas e todo o recurso que sobra é devolvido ao ministério?, disse.
Para a Paraná Esporte, ?é lamentável que, na intenção de se atingir diretamente um ministro em Brasília, acabam envolvendo um programa que é exemplo no Paraná?. O ministro Orlando Silva tem recebido constantes ataques por conta dos gastos com o cartão corporativo e também é criticado por firmar parcerias com Organizações Não Governamentais ligadas ao PCdoB.