O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), disse hoje que a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não foi resultado da sessão e da votação secreta, mas da vontade do presidente Lula. "Renan não foi absolvido pelo voto secreto, porque eu fui senador e cassei um senador com o voto secreto. Renan foi absolvido porque Luiz Inácio Lula da Silva não quis que ele fosse cassado", afirmou Freire, antes de participar de um debate sobre reforma política organizado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), na capital paulista.
Freire lembrou que o voto secreto foi criado durante a ditadura para proteger os parlamentares das pressões do Executivo. Entretanto, com a instituição do regime democrático, os parlamentares passaram a utilizar o voto secreto para se defender da opinião pública. "Claro que isso é algo ultrapassado e tem que ser revisto", opinou, ressaltando que uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que previa o fim do voto secreto foi aprovada por unanimidade na Câmara e posteriormente engavetada.
O deputado reconheceu que é preciso reformular as instituições para enfrentar a crise política que o País vive. Para ele, o País precisa de partidos políticos bem estruturados e instituições democráticas em pleno funcionamento. "Nós estamos hoje com uma crise de desagregação no País, inclusive moral, e isso se reflete concretamente na irrelevância da política", declarou.
Na avaliação dele, o Congresso tem sido submisso e subalterno ao Executivo e perdeu sua característica de órgão legislador. "Não termos tido a reforma política só agrava esse problema. Nada tão evidente quanto à necessidade da reformas", reiterou, ressaltando que a proposta encontra dificuldades dentro do próprio Congresso.
Freire defendeu, entretanto, que o Congresso não é o órgão mais corrupto em se tratando de política. "Até porque o Congresso não tem nem a chave do cofre, nem o Diário Oficial. Se você quer buscar realmente corrupção, você pode buscá-la com parlamentares mas o centro, efetivamente onde ocorre, é na relação promíscua entre os interesses econômicos e o Executivo", finalizou.