O relator da CPMI da JBS, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), afirmou nesta quarta-feira, 4, que o depoimento do advogado Willer Tomaz de Souza aos parlamentares confirmou as suas suspeitas de que houve um complô entre a empresa e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot para incriminar o presidente Michel Temer. O advogado, que atuou para o grupo J&F, é suspeito de intermediar o pagamento de propina a um procurador. Ele prestou depoimento durante três horas e meia em sessão secreta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
“(O depoimento) É muito grave no meu modo de ver. Isso sinaliza algo que eu sempre entendi como correto que é a existência de um complô que envolveu uma série de pessoas”, afirmou Marun a jornalistas ao deixar a reunião por alguns instantes. “São empresas e até membros de instituições que visavam derrubar o presidente Michel Temer.”
O pedido para que o depoimento ocorresse em sessão fechada partiu do próprio advogado que, além de ter que manter sigilo profissional ao tratar de processos em que atuou, também alegou que o processo contra ele é sigiloso, o que justificaria a sessão secreta.
No depoimento, segundo parlamentares, o advogado apresentou áudios e transcrições de conversas com executivos da JBS em que indicariam seletividade de Janot ao apresentar provas contra ele no processo.
Segundo relatos de parlamentares que acompanham o depoimento, Souza chegou a chorar em vários momentos e disse que sua prisão foi “ilegal”. “Está provado que esse advogado ficou 76 dias preso sem ter sido ouvido, nem no tempo no nazismo lá não existia”, disse Marun.
Souza foi preso no dia 18 de maio, na Operação Patmos, após o empresário Joesley Batista afirmar em delação que conheceu o procurador Ângelo Goulart Villela, também preso na mesma operação, por seu intermédio. O procurador teria recebido pagamentos mensais de R$ 50 mil para beneficiar a empresa. Tanto Souza quanto Villela foram soltos em agosto.
De acordo com o Ministério Público Federal, Souza usou de sua relação com Villela, integrante da força-tarefa da Greenfield, “para obter informações sigilosas sobre a operação e repassar a seus clientes”.