Em um pronunciamento de pouco mais de cinco minutos, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), confirmou nesta quinta-feira, 9, que apresentou emenda à medida provisória (MP) sobre programa de Desenvolvimento da Aviação Regional, mas negou tenha recebido propina da empreiteira OAS em troca da proposta, como revelou relatório da Polícia Federal noticiado nesta quarta-feira, 8.
Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que um relatório da PF apontou indícios de que Maia teria apresentado emenda à MP para favorecer a OAS em troca de doações eleitorais para a campanha do pai dele, César Maia (DEM), ao Senado em 2014. A investigação teve como base mensagens de celular trocadas entre ele e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. O relatório traz as conclusões de inquérito da PF sobre o assunto. O deputado do DEM, porém, não chegou a ser oficialmente indiciado pela Polícia Federal.
“A emenda que apresentei não beneficiava ninguém. Apenas gerava uma isonomia na hipótese de um aeroporto privado ser autorizado em cima de aeroportos concessionados. Nada mais do que isso. Isso poderia acontecer no Rio, como tem concessão, poderia ter acontecer em São Paulo, em Natal”, afirmou Maia. “A única coisa que minha emenda garantia era a isonomia entre o sistema. Não estava beneficiando A, não estava beneficiando B, não estava beneficiando C”, acrescentou.
Maia disse que nunca houve nenhuma relação entre sua atuação parlamentar com a doação que seu pai recebeu. “Inclusive, no meu diálogo com o Leo, tratava-se de R$ 200 mil, eu disse, eu mostrei que era R$ 1 milhão”, afirmou. “Inclusive, o senhor Ricardo Pessoa (dono da UTC Engenharia) foi ouvido nesse inquérito e disse que a minha emenda não tinha relação para beneficiar ninguém. Inclusive, ele também fez uma doação de R$ 150 mil e deixou claro que aquela doação não tinha relação com troca alguma”, emendou.
No pronunciamento, o presidente da Câmara classificou como “absurdo” e sem “nenhuma relação com a realidade” o resultado da investigação da PF e afirmou que vai buscar uma forma de punir o responsável pelo “vazamento” das informações, atribuído por ele a “uma delegada”. “O inquérito trata de tentar gerar um vínculo de uma emenda que apresentei em uma medida provisória a uma doação de campanha. No final, faz um relato genérico, que não é o correto”, afirmou.
O deputado do DEM disse que é preciso deixar claro nesse processo de investigação contra políticos a separação entre aqueles que “efetivamente lesaram o erário público daqueles que, de forma nenhuma, deixaram de exercer seu mandato sem nenhum tipo de vinculação, sem nenhum tipo de troca, que é exatamente meu caso”.
“Quero deixar claro que, em nenhum momento, nem com OAS, nem com empresa nenhuma, nunca apresentei nenhuma emenda, nenhum projeto que tivesse vinculação com nada”, afirmou.
Maia disse confiar que a Justiça e o Ministério Público vão reparar “essa análise preliminar, que é absurda, que não tem relação com a realidade, com a minha história, da minha família”. E disse que continuará se defendendo perante a Justiça e o Ministério Público, mas no âmbito de seu mandato como deputado, “sem nenhuma relação com a presidência da Câmara dos Deputados”.”A história das pessoas está sendo destruída de forma absurda, sem nenhuma preocupação”, criticou.
O presidente da Casa disse que vazamentos ilegais o preocupam. “Isso me atinge, atinge minha honra, da minha família, e, nesse caso específico, vou atrás da reparação desse dano. Não tenho duvida nenhuma. Já sabemos de onde saiu esse vazamento ilegal”, afirmou.
“Confio na Justiça, mas, de forma nenhuma posso concordar que vazamento feitos de última hora, ilegais, possam atingir a honra, a família e a imagem, a história das pessoas”, disse.