O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de “terrorista” a atitude da oposição de levantar suspeitas sobre a saúde financeira da Petrobras por causa dos empréstimos de R$ 2,7 bilhões que a estatal tomou em bancos oficiais. Durante a reunião com ministros da coordenação política, ontem, no Palácio do Planalto, Lula demonstrou muita irritação com o episódio e disse que a oposição está “criando factóides” e disseminando “o pânico na sociedade brasileira” em um momento delicado, em que a crise financeira afeta o mundo todo.

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Lula considerou lamentável a forma como determinados integrantes da oposição têm se comportado, referindo-se principalmente ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que na semana passada levou o caso para a tribuna do Senado. O presidente disse esperar que tudo seja esclarecido com o depoimento no Senado, nesta semana, dos presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrieli, da Caixa Econômica, Maria Fernanda Coelho, e do Banco do Brasil, Antonio Lima Neto. O presidente mostrou-se, ainda, “surpreso com a virulência dos ataques” à empresa, que “é um patrimônio nacional, uma empresa sólida e que, no mínimo, por patriotismo, deveria ser defendida por todos”.

A reação de Lula, no entanto, causou preocupação no governo. O temor é que o uso de expressões como “terrorismo” possa despertar a ira da oposição e atrapalhar a votação no Senado da MP 443, que autoriza os bancos públicos a adquirirem instituições privadas. Senadores oposicionistas reagiram às afirmações de Lula. “Só que quem não tem noção do que fala é que acusa quem quer que seja de ser terrorista”, disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ironizou o uso do termo “terrorismo”. Ele disse que o presidente deve saber do que fala por ter convivido com pessoas capazes de defender atos dessa natureza. “De terrorismo ele entende, né? Teve um monte ao lado dele”, atacou. “O presidente deveria, sim, escancarar as contas da Petrobras, mostrar que não teme a realidade e admitir que seu governo fez uma operação às escondidas”, acrescentou Demóstenes. Arthur Virgílio (AM) disse que quer saber quanto tem custado o “uso político” da empresa. “Numa democracia, e espero que o Lula se lembre disso, eu tenho o direito, como parlamentar, de questionar os rumos de uma empresa importante como a Petrobras”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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