Pouco mais de 12 horas depois de se emocionar com a vitória do Rio à sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e de chorar em frente às câmeras – em um evento transmitido para 1 bilhão de pessoas no mundo -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado, em Copenhague, que não teve vergonha alguma de seu ato. E disse mais: “Faltam neste País mais dirigentes políticos que chorem”.
Lula falou na manhã deste sábado sobre suas lágrimas, que comoveram o auditório durante a primeira entrevista coletiva após a vitória carioca. “Eu ia chorar no discurso. Me engasguei várias vezes”, confessou, lembrando da comoção do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman. “No meu discurso, duas vezes em que tive de falar da cidade do Rio de Janeiro a voz travou. Eu segurei para não chorar.”
Então o presidente explicou porque não se conteve à noite, durante o pronunciamento de Nuzman à imprensa. “Como a gente já tinha ganhado, eu relaxei e falei: ‘Bom, agora que é para chorar, vou chorar mesmo’.”
Lula disse que se recordou de sua própria vida, “das coisas que pareciam impossíveis”, e da apresentação do Rio de Janeiro. “Aí comecei a chorar. E como não tenho vergonha de chorar, chorei.”
Ontem, afirmou que viveu o dia mais emocionante de sua vida. Hoje, Lula evitou comparar a emoção pela vitória do Rio-2016 com a sua eleição à presidência, em outubro de 2002. “São emoções diferentes. Na eleição, eu tinha noção de que iria ganhar. E estava disputando internamente. Aqui, é um jogo internacional.”
Contra os que duvidavam da candidatura, o presidente respondeu: “Sempre me diziam em conversas: ‘Não vai dar para bater Chicago, não vai dar para bater Tóquio’. Mas aí a gente percebeu que era possível”, disse, baseando-se nas exposições feitas pelos comitês organizadores das quatro candidaturas – além do Rio, de Madri, Tóquio e Chicago. “Depois da apresentação do Brasil a gente tinha certeza que não tinha como o Rio não ganhar.”
O presidente também entregou a emoção de outras personalidades que vieram à Dinamarca. Disse que o governador do Rio, Sérgio Cabral, foi atendido por um médico em função de sua pressão elevada.
“Esse moço aqui estava em um estado de nervos tão grande que o conselho médico foi para que ele chorasse e gritasse, para extravasar.” Com a autoridade de quem é casado há 35 anos, Lula ressaltou nunca antes ter visto a primeira-dama, Marisa Letícia, tão comovida.
E até o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, que diz “não ser de chorar”, entregou em conversas informais: “Eu mesmo chorei três vezes durante a apresentação”.