Para Garotinho, Lula está politicamente acabado

Pré-candidato do PMDB à presidência da República, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho disse ontem em Curitiba que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não escapa de uma cassação de mandato, seja agora, por um processo de impeachment, ou nas eleições do ano que vem. "Há uma cassação que é mais dolorosa que o impeachment: é a cassação pelo voto", disse o ex-governador carioca, que está em plena campanha dentro do PMDB para ser indicado candidato à sucessão presidencial de 2006 nas prévias programadas para o próximo ano.

As críticas de Garotinho ao PT e ao presidente da República durante sua participação na reunião semanal do primeiro escalão do governo, no Museu Oscar Niemeyer, renderam um conflito aberto com o deputado Natálio Stica (PT), que saiu em defesa do seu partido e classificou Garotinho como "demagogo".

Para Garotinho, legalmente, já existem provas suficientes para cassar o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que o processo deve partir das ruas e não das instituições. "Como se trata de um processo político é preciso que a população assimile esta idéia", afirmou o ex-governador carioca, acrescentando que o afastamento de Lula só é viável se houver tempo para instalar o processo em 2005. "No próximo ano, com período eleitoral, não é mais possível", afirmou.

Bate-boca

Garotinho irritou o deputado petista ao dizer que o presidente Lula não tem ideologia e que o PT não tem uma marca. E que se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ganhou o apelido de "pai dos banqueiros, Lula deveria ficar conhecido como a "mãe dos banqueiros".

Stica saiu em defesa do partido e do presidente da República, afirmando que Garotinho era um populista mal-intencionado. "Não deu para ficar quieto. Ele não tem bagagem. É um demagogo. Um mentiroso e acha que o povo do Paraná é idiota", afirmou o deputado petista. "O PT tem uma marca, uma história e mais de um milhão de militantes. Não é porque mil trocaram os pés pelas mãos que o partido acabou e nós temos que ficar ouvindo isso do Garotinho", afirmou.

Apoio

Garotinho fez o seu palanque de campanha na chamada "escolinha" do governador Roberto Requião. Como o governador do Paraná também é apontado como um dos pretendentes à indicação para ser candidato à sucessão presidencial, o ex-governador do Rio de Janeiro disse que teve o cuidado de se certificar das intenções de Requião. "Ele me confidenciou que não é candidato", afirmou o peemedebista.

Mas apesar de ter pedido, Garotinho não recebeu o apoio de Requião ao seu projeto de disputar as prévias do partido. "Eu pedi ao Requião que antes de tomar qualquer decisão que ouça a todos. Ele disse que vai fazer assim", afirmou o ex-governador carioca, que enfrenta ainda a concorrência interna do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e possivelmente de um nome que será indicado pela ala que está apoiando o governo.

A divisão do partido é um dos principais obstáculos ao projeto do ex-governador fluminense que prefere não discutir os possíveis aliados do partido no próximo ano. "Se conseguir unir todo o partido em torno de uma proposta já é o bastante porque nosso candidato será forte", afirmou Garotinho. O ex-governador fluminense afirmou que a estrutura política do PMDB é suficiente para sustentar uma candidatura sem alianças com outros partidos.

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