O diretor do Departamento de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Thomaz Zanotto, avalia que a nomeação do senador Aloysio Nunes como novo ministro das Relações Exteriores significa a continuidade da política adotada pelo ex-chanceler José Serra, com reaproximação aos países desenvolvidos e diversificação das relações de comércio.
Diferentemente de Serra, Nunes não é percebido como potencial candidato na corrida ao Palácio do Planalto em 2018, o que, para Zanotto, poderá ser uma “vantagem” em sua gestão à frente do Itamaraty, já que o chanceler precisa se envolver na discussão de assuntos técnicos que não dão visibilidade.
“Temas como convergência regulatória e medidas de facilitação de comércio são importantíssimos para o comércio exterior, mas que não geram manchetes como lidar com governos bolivarianos”, comenta Zanotto, referindo-se o confronto pela suspensão da Venezuela do Mercosul que marcou a passagem de Serra pelo Itamaraty.
Num momento em que o País pretende avançar em acordos comerciais, em especial o pacto em negociação entre Mercosul e União Europeia, Zanotto considerou que foi acertada a escolha de uma figura política de peso para o comando das Relações Exteriores. A biografia do senador é classificada por ele como “impressionante”.
Zanotto citou ainda a aproximação de países abandonados pelo presidente americano Donald Trump na negociação da Parceria Transpacífica, incluindo o aprofundamento no acordo comercial com o México, entre os objetivos a serem assumidos pelo novo chanceler.
“Para um governo que terá menos de dois anos pela frente, a agenda já está posta. Você tem agendas de curtíssimo, curto, médio e longo prazo. O pragmatismo é a palavra-chave”, assinala Zanotto.