Numa ação para despersonalizar a vaia recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Maracanã, parlamentares governistas e até da oposição disseram nesta segunda-feira (16) que a manifestação refletiu uma rejeição à política e aos políticos de modo geral. "A vaia mostrou o desgaste do mundo político, muito mais do que outra coisa. Foi impressionante, saiu de todos os setores. Mais por isso e menos pelo presidente. Aquela foi uma vaia pelas notícias que vem de Brasília, dos escândalos, das investigações, do que pela figura pessoal do presidente", disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), filho do prefeito do Rio, Cesar Maia, acusado por colaboradores do presidente Lula como responsável pelas vaias.
"O presidente está acostumado com eventos fechados, com convidados. É melhor culpar terceiros do que refletir sobre a vaia. O governo federal tinha muito mais convidados que o governo estadual e a prefeitura. Se fosse orquestrado, haveria reação. Além disso, não há político hoje no País que consiga mobilizar mais de 5 mil pessoas. Lá eram 90 mil", diz o deputado.
Para Maia, a série de escândalos que têm sido investigados pela Polícia Federal, muitos deles envolvendo aliados do governo, causa uma reação negativa na população, refletida nas vaias de sexta-feira. "O presidente, que defende muitos dos envolvidos em escândalos, que diz que a Polícia Federal tem que cuidar para não cometer excessos, estava num palco que ele não controla", acredita Maia.
O deputado petista Cândido Vaccarezza (SP) diz que, "além de uma grande falta de educação" as vaias foram "muito mais uma manifestação contra a política do que contra o presidente". "A vaia é natural da democracia. Havia os que vaiariam qualquer um que estivesse na situação do presidente e havia os mal-humorados que não gostam do Lula. Lula tem a maior base social que um presidente já teve. O público que freqüenta os estádios, que torce nos esportes, muitas vezes é avesso à política. Se fosse outra pessoa, acho que seria pior", afirmou Vaccarezza. O petista duvidou de um movimento orquestrado pelo prefeito César Maia. "Isso é bobagem, o prefeito tem outros defeitos, mas não faria isso.
Colaborou Rosa Costa