O criminalista José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-assessor Branislav Kontic, afirmou que “não há surpresa” na decisão do juiz Sérgio Moro em aceitar a denúncia contra seu cliente, mas disse que a acusação se baseia em uma planilha apreendida “sem assinatura”.
“Então a denúncia, a despeito da sua dimensão amazônica, oceânica, ela usa milhares de palavras para dizer nada. A única coisa que diz é que ‘encontramos uma planilha’ sem assinatura, pode ser de qualquer pessoa. Ali são alçadas cifras, elas seriam despesas da Odebrecht, porque foi apreendida no escritório, então quem é o italiano?”, afirmou o advogado. Para Batochio, “italiano” é um “apelido em busca de um personagem”.
De acordo com o criminalista, a acusação é uma tentativa de criminalizar o ex-ministro “de qualquer modo”. “A acusação gravita só em torno disso”, disse Batochio, em referência a documentos encontrados nas trocas de e-mails da Odebrecht.
“Você acha crível, verossímil, que R$ 128 milhões possam ter transitado sem deixar nenhuma marca? O ‘italiano’ manuseia esse dinheiro? Pagou como? Onde? De que forma? Para quem?”, afirmou o defensor.
‘Institucional’.
Em relação aos encontros de Palocci com o empreiteiro Marcelo Odebrecht, o advogado afirmou que o ex-ministro conhece Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, desde antes de ser deputado.
Para o defensor, os encontros de seu cliente com altos executivos faziam parte da função de ministro da Fazenda. “É uma obrigação do ministro e do administrador público manter uma interlocução com os diversos setores da sociedade.”
Procurada, a Odebrecht informou que não iria se manifestar sobre o acolhimento da denúncia. O Estado não conseguiu contatos com os advogados do casal João Santana e Mônica Moura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.