Para conter milícias, TRE-RJ terá ajuda da polícia civil

Para evitar que os grupos de milícia estabeleçam currais eleitorais no pleito deste ano, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) acertou parceria com a Divisão de Homicídios da Polícia Civil para atuar preventivamente nas áreas controladas pelos paramilitares. O objetivo é identificar candidatos e milicianos que estejam articulados e garantir que essas parcerias não resultem em atitudes coercitivas para influenciar a votação. Dados repassados por informantes da polícia serão usados para neutralizar eventuais ameaças.

O presidente do TRE-RJ, desembargador Luiz Zveiter, explicou que pretende criar áreas de exclusão no entorno das chamadas “regiões sensíveis” da capital e dos principais municípios do Estado. Nesses locais, haverá reforço policial no dia da eleição para impedir a presença de pessoas que tentem pressionar o eleitor ou de cabos eleitorais uniformizados. Além das regiões controladas por paramilitares, as comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) deverão contar com essas áreas de exclusão.

“O cabo eleitoral está a mando de alguém. Nessas áreas de milícia, se não houver cabos eleitorais nos locais de votação, será maior a sensação de tranquilidade para o eleitor”, disse Zveiter.

A parceria com a Divisão de Homicídios da Polícia Civil foi articulada semana passada. Segundo Zveiter, qualquer indício de ameaça será formalizado pela Justiça Eleitoral e o candidato eventualmente beneficiado será convocado a dar explicações. “A qualquer notícia de ameaça, vamos informar (o candidato) de que ele será responsabilizado”, disse o desembargador.

A questão da milícia será assunto marcante nas eleições deste ano no Rio. Além dos candidatos ligados aos paramilitares, o pleito terá a participação do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) como candidato a prefeito da capital. Presidente da CPI das Milícias, concluída em 2008, Freixo é alvo de ameaças de morte e anda acompanhado por seguranças. Sua atuação inspirou o personagem Diogo Fraga no filme Tropa de Elite 2, cujo diretor, José Padilha, será consultor para os programa de TV de Freixo.

Ascensão

A participação de políticos que integram milícias ou que são apoiados pelos paramilitares cresceu nos últimos pleitos. Desde 2007, quatro vereadores da capital foram presos por participação em quadrilhas: Jerônimo Guimarães (PMDB), Cristiano Girão (PMN), Luiz André Ferreira da Silva (PR), o Deco, e Josinaldo Francisco da Cruz (DEM), o Nadinho de Rio das Pedras, este assassinado em 2009. Em Duque de Caxias, outros dois vereadores foram presos acusados de liderar quadrilha: Jonas Gonçalves da Silva (PPS), conhecido como Jonas é Nós, e Sebastião Ferreira da Silva (PTB), o Chiquinho Grandão.

A Liga da Justiça, primeira quadrilha a se infiltrar na política no início da década passada, elegeu dois vereadores e um deputado estadual. Líderes do grupo, Jerominho e Natalino Guimarães (ex-DEM) cumprem pena de dez anos por formação de quadrilha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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