O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE) avalia que, apesar de possível, não será fácil para a base aliada do governo formar uma candidatura única à presidência da República, em 2010. "Não é fácil, mas acho que é possível. Isso dependerá principalmente do desprendimento do próprio PT", disse o deputado.
Em, entrevista ao Estado publicada ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não será candidato em 2010 "nem se o povo pedir" e defendeu que os partidos da atual base aliada do governo construam uma candidatura única na corrida pelo Palácio do Planalto em 2010.
Monteiro Neto, contudo, disse que não é fácil imaginar que o PT abra mão de uma candidatura própria, "até pelo peso que tem o partido". "Mas, ao mesmo tempo, sabemos que o PT não tem hoje um quadro que se coloque como um candidato natural à presidência", disse. O presidente da CNI disse que viu com naturalidade a declaração do presidente Lula de que não disputará a eleição presidencial em 2010. "Sempre confiei que o presidente Lula respeitaria as regras, como ele sempre declarou", disse.
Com relação à crise financeira internacional – sobre a qual o presidente Lula disse estar tranqüilo -, Armando Monteiro Neto concorda que a economia brasileira tem fundamentos sólidos, que garantem uma certa blindagem, mas disse que o País também não está imune às turbulências iniciadas nos Estados Unidos. "Temos de estar atentos. Até pela importância da economia brasileira, por sua inserção no mercado externo, não temos como garantir que estamos imunes", disse.
Apesar de criticar "alguns excessos" praticados na condução da política monetária, Monteiro Neto concordou com os elogios feitos por Lula ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Na entrevista, Lula concorda que Meirelles foi seu grande "achado" na administração da economia. "Meirelles teve um papel importante, mas eu também destacaria o trabalho do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci", disse o presidente da CNI. Para Monteiro Neto, os dois contribuíram para a estabelecer o que ele classificou como "agenda do bom senso" na política econômica do governo.