Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “liberou a bancada” dos senadores do PT para pedir a licença de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado, ao dizer, ontem, que “quem tem de decidir se o presidente Sarney tem de ficar na presidência do Senado é o Senado”, e não ele. “A razão que poderia levar alguns senadores do PT a defender Sarney era que o próprio presidente Lula fizesse isso. Com essa declaração, ele liberou os senadores do PT a se alinharem aos que pedem, pelo menos, a licença do presidente Sarney”, avaliou o senador pedetista.
Apesar da orientação do presidente Lula para que o PT não endossasse o coro de senadores que pedem a licença de Sarney do comando do Senado, o líder do partido, Aloizio Mercadante (SP), defendeu, por duas vezes, em notas divulgadas à imprensa, que a crise só seria arrefecida se o peemedebista se afastasse da presidência. O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, chegou a desautorizar Mercadante, na semana passada, após reunião de coordenação política, dizendo que a nota assinada pelo líder petista refletia a posição de “um ou dois senadores”, e não de toda a bancada.
Ontem, entretanto, o presidente Lula, que por diversas vezes havia defendido Sarney publicamente, mudou o tom e disse que não poderia ser responsabilizado pela crise no Senado. “Não votei em Sarney para senador”, disse o presidente. Buarque acredita que a mudança de discurso do presidente Lula e as 11 ações contra o presidente do Senado no Conselho de Ética, a maioria delas apresentada durante o recesso parlamentar, são sinais de que a possível saída de Sarney da presidência da Casa está próxima.
“Nesses 15 dias (de recesso parlamentar), o clima acirrou ainda mais com as novas denúncias, que são ainda mais graves. Por outro lado, parece estar surgindo uma luz no fim do túnel. Estão ficando muito poucos a favor do presidente Sarney. Até os aliados dele já têm a convicção de que a saída de Sarney é inevitável”, disse.