O vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF), disse hoje à Agência Estado que, em sua avaliação, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), mantém a posição de não se licenciar do cargo, mesmo depois da reportagem de hoje em que o jornal O Estado de S.Paulo revela diálogos gravados pela Polícia Federal que mostram prática de nepotismo pela família de José Sarney no Senado. Agello disse que conversou com Sarney por telefone na noite de ontem, antes da publicação, e que o senador estava tranquilo.

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Na avaliação de Argello, Sarney não tem mais o que dizer em relação às denúncias, pois sua defesa já foi feita mais de uma vez, em discursos no plenário. “Não há mais o que dizer. É melhor que o Conselho de Ética discuta este assunto daqui para frente”, disse o vice-líder, que é um dos integrantes do conselho.

A próxima reunião do Conselho de Ética do Senado está marcada para 5 de agosto. Pesam contra Sarney quatro denúncias apresentadas pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) – duas responsabilizando o presidente do Senado pela edição dos atos secretos e duas sobre suposta participação dele em um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras destinado a um projeto cultural da Fundação José Sarney.

O PSOL também é autor de uma representação provocando os conselheiros a investigarem a responsabilidade de Sarney na edição dos atos secretos. Nesta manhã, o senador José Nery (PSOL-PA) informou que o partido estuda a possibilidade de apresentar nova representação contra Sarney com base no conteúdo das gravações publicadas hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo.

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As gravações apresentadas na reportagem, a maioria feitas em 2008, mostram também intervenções do senador José Sarney junto ao então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, para garantir a nomeação de integrantes da família Sarney para cargos no Senado. Assessores disseram que estão tentando contato com o senador, que passa férias no Maranhão.