A escolha dos candidatos a vice-presidente, definida em convenções partidárias nos últimos dias, agregou pouco eleitoralmente e, de maneira geral, não abriu diálogo com setores da sociedade em que os presidenciáveis já não tinham influência, na avaliação de analistas políticos ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Para o cientista político Marco Antônio Teixeira, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), a escolha dos vices foi “a possível” e contribuiu pouco em termos eleitorais. “De maneira geral, não agregou muito. Não há um vice que te leve a um lugar onde você não chega, que crie uma conversa com quem os candidatos já não conversavam”, afirmou.
O professor Marco Aurélio Nogueira, coordenador do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais da Unesp, considera que houve um “esgotamento das possibilidades”. “Todos tiveram essa preocupação, que não foi possível em vários casos por uma espécie de esgotamento das possibilidades.”
Para os dois analistas, esse é o caso das candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL), que escolheu o general da reserva do Exército Hamilton Mourão (PRTB); de Marina Silva (Rede), que definiu Eduardo Jorge (PV); Henrique Meirelles (MDB), que trouxe o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (MDB) e do senador Alvaro Dias (Podemos), que optou por Paulo Rabello de Castro (PSC).
Em menor escala, segundo os analistas, seria também o caso de Geraldo Alckmin (PSDB), que já tem relevância no Sul, de onde vem a senadora Ana Amélia (PP-RS). “Acredito que faltou estratégia eleitoral. O ponto fraco de Alckmin é o Nordeste, onde está 27% do eleitorado brasileiro e ele vai mal. Ele não tem nenhum apoio expressivo na região e foi buscar isso em outro lugar, onde já há um competidor expressivo (o presidenciável Alvaro Dias, do Podemos)”, avaliou Teixeira
No caso de Kátia Abreu e Ciro Gomes, ambos do PDT, o cientista político acredita que “do ponto de vista de recursos como tempo de TV e fundo eleitoral, não soma, apesar da notoriedade da Kátia”. “Além disso, é um perfil parecido, com língua afiada”, disse.
Na avaliação de Cláudio Couto, professor de Gestão e Políticas Públicas da FGV, o caso mais dramático é o de Bolsonaro, por ser um candidato que enfrenta dificuldades para dialogar com o público feminino. “Essa militarização da chapa é muito negativa. Não agregou nada e ainda pode tirar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.