Na tentativa de sobreviver à crise política e se livrar da pecha de ministro provinciano, que concentra em seu Estado natal, Pernambuco, as verbas antienchente do Ministério da Integração, o ministro Fernando Bezerra montou uma agenda de visitas a áreas afetadas pelas chuvas no Rio e em Minas.
Ele viajou para o Rio no meio da tarde de ontem, para se reunir com o governador Sérgio Cabral (PMDB) no Palácio das Laranjeiras. O encontro com o tucano Antonio Anastasia, em Minas, está previsto para as 9 horas de hoje. As visitas neste momento crítico de cheias são estratégicas, e os anfitriões foram uma escolha tática, por serem aliados do PSB.
Bezerra embarcou certo de que seria bem recebido. Cabral e Anastasia pouparam o ministro de ataques por direcionar a Pernambuco 90% das verbas emergenciais para desastres. Por sua vez, petistas como o deputado André Vargas (PR) criticaram o ministro.
O que tem irritado setores do PT é a estratégia de defesa do PSB, que quer dividir com o governo e a presidente Dilma Rousseff a responsabilidade pela destinação das verbas. Além de o ministro destacar na entrevista coletiva de anteontem que “a presidente Dilma sabia de todos os repasses”, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, fez questão de relatar como acertara diretamente com Dilma, sem a presença do ministro, a construção de duas barragens para conter as cheias que também afetam Alagoas.
“A decisão de socorrer Pernambuco no momento da tragédia foi tomada pelo governador e pela presidente e ambos agiram corretamente, da mesma forma como procedeu o ministro”, defendeu o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), destacando que é preciso fazer as obras para evitar novas tragédias em municípios muito pobres de Pernambuco e Alagoas.
Ações
Antes de deixar Brasília, Bezerra reuniu-se com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, com o colega dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e técnicos da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e do Ministério da Ciência e Tecnologia. O objetivo foi definir ações emergenciais do governo, que ontem reabriu crédito de R$ 482,8 milhões para enfrentar os desastres provocados pela chuva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.