Apesar de correrem rumores de que o senador José Sarney (PMDB-AP) estaria disposto a pedir licença da presidência do Senado, aliados do peemedebista ainda tentam convencê-lo de que deixar o comando da Casa não é a melhor saída para arrefecer a crise. “A licença de Sarney da presidência do Senado não resolve o problema de ninguém, nem do governo, nem do próprio Sarney, nem do PMDB, nem do Senado. Interessa a quem a licença?”, questionou um senador aliado do presidente do Senado à Agência Estado. Na avaliação deste senador, mesmo que Sarney deixe a presidência, não há garantia de que as denúncias envolvendo seu nome deixariam de ser repercutidas na mídia.
Para o governo, ainda existe o temor de que Sarney sucumba à pressão antes de o PMDB fechar um acordo formal de apoio à candidatura petista na sucessão presidencial de 2010. Outro problema que seria criado com uma eventual saída de Sarney do comando da Casa seria a falta de um nome para sucedê-lo. Na avaliação do ex-presidente do Senado Garibaldi Alves (PMDB-RN) não existe outro nome “nem no PMDB, nem no resto do Senado” que receberia o apoio do governo e da oposição para assumir o posto neste momento.
Quando um senador renuncia à presidência do Senado, o regimento interno prevê prazo de cinco sessões plenárias para que haja uma nova eleição. Neste período, quem assumiria o cargo seria o vice-presidente, que hoje é o senador Marconi Perillo (PSDB-GO).
No entanto, não interessa ao governo deixar a presidência na mão da oposição. Há algumas semanas, na ausência de Sarney, Perillo assumiu a presidência da sessão plenária e leu a criação de três novas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs): a da Petrobras, já em curso; a da Amazônia, criada para investigar a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, mas que ainda não foi instalada; e uma terceira, que investigaria a precariedade do sistema educacional no País, mas acabou arquivada.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o governo recebeu informações de que José Sarney já avalia que sua sobrevivência política pode depender do afastamento do cargo. Sarney é alvo de onze ações no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar apresentadas a partir de denúncias que vão da contratação de aliados e parentes por atos secretos a desvio de dinheiro destinado pela Petrobras à Fundação Sarney para uma série de empresas fantasmas.