Para a saúde da democracia, é preciso defendê-la contra o golpe, diz Dilma

Em sua primeira participação em evento público após ter sido aberta a análise do pedido de impeachment, a presidente Dilma Rousseff fez na manhã desta sexta-feira, 4, um discurso contundente em defesa do seu mandato. Destacou que foi legitimamente eleita e que não vai permitir que haja golpe. “Eu vou lutar contra esse pedido de impeachment porque nada fiz que justifique esse pedido e principalmente porque tenho compromisso com a população desse país que me elegeu.”

A presidente da República destacou a importância do momento atual para o País. “É um momento em que se torna necessário, obrigatório, reativar princípios, preservar direitos e reforçar a luta pela democracia”, disse, durante Conferência Nacional da saúde, em Brasília. “Para a saúde da democracia nós temos que defendê-la contra o golpe.”

Dilma estava acompanhada dos ministros da Saúde, Marcelo Castro, e da Casa Civil, Jaques Wagner, que foram vaiados ao serem anunciados.

A presidente afirmou que levará o seu mandato até 2018. Lembrou ainda que conhece os custos humanos sociais e políticos da ditadura. Dilma disse que, desde o início do ano, enfrenta um processo político daqueles que querem o “quanto pior melhor” e destacou que seu mandato foi “legitimamente concedido pela maioria dos votos da população desse País”.

Dilma voltou a destacar a crise econômica mundial, disse que o governo teve que tomar medidas para a retomada do crescimento, mas que a resistência política no Congresso, com as chamadas pautas bombas, tem atrapalhado esse processo.

“A gente queria sair dessa situação no mais curto prazo possível, mas encontramos nesses caminhos muitas dificuldades, muitas resistências. Muitas vezes nos defrontamos com as chamadas pautas bombas, que ao invés de ajudar o País a sair mais rápido da crise, queria afundar o País”, afirmou. “Temos compromisso com o Brasil mais justo; vou lutar para fazer este País crescer”, completou.

Recepção

Dilma, que foi bastante aplaudida no evento, disse que o apoio recebido fazia “bem para a alma”, que vai lutar por seu mandato e repetiu que não fez nada que justifique o pedido de impeachment.

No auditório, não houve, porém, unanimidade. Enquanto uns gritavam “Fora Cunha, Fica Dilma” outros contrários emendavam “para poder roubar”.

A presidente afirmou que a luta atual não era a favor apenas dela ou de um partido e repetiu que a democracia do País que precisa ser resguardada. “O que está em jogo são escolhas políticas”, disse, ressaltando que vai continuar dialogando com todos segmentos da sociedade. “Não vamos nos enganar, o que está em jogo agora são as escolhas politicas que nós fizemos nos últimos 13 anos, são essas escolhas políticas que estão em jogo, são 13 anos em favor da soberania do Brasil, na defesa sistemática do povo brasileiro, do emprego, da renda.”

Entre os protestos enfrentado pela presidente da República, houve gritos e cartazes de “Fora Dilma, Fora PT”. As vaias e gritos mais fortes vieram principalmente no momento em que a presidente Dilma começou a discursar e a defender seu mandato. Ela continuou, enquanto a polícia tentava apartar os participantes que se xingavam.

Ao final da cerimônia, a presidente, ao invés de deixar o palco, como faz normalmente, repetiu gestos normalmente usados em tempos de campanha. Se dirigiu ao público para cumprimentar seus apoiadores que se aglomeravam no pé do palco onde ela estava.

Tumulto

Um tumulto começou no fundo do auditório quando participantes do encontro que defendem o governo Dilma tentaram arrancar cartazes de outros colegas que são contra o governo petista. Vera Garrido, delegada do Amazonas, gritava contra delegados petistas que arrancaram o cartão do seu colega do Acre.

“Eles estão tentando oprimir quem protesta contra eles. Tivemos de esconder os cartazes contra Dilma para entrar aqui porque a segurança estava tomando na chegada”, desabafou Vera, ao queixar do que chamou de “manobra” dos organizadores do evento que inverteram as pautas do encontro para deixar a aprovação das propostas para mais tarde, quando a conferência já estaria esvaziada, e muitos teriam viajado.

Luiz Paulo Jordão, delegado do Acre, foi um dos que portava cartaz e foi agredido por petistas. A delegada Marcia Tugone, de São Paulo, por sua vez, reclamou do protesto alegando que os contra a presidente estavam “atrapalhando quem queria ouvir a Dilma”. Ela disse que todos estavam ali para defender o Sistema Único de Saúde (SUS) e que o confronto era “inadmissível”.

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