O Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) tem em mãos desde meados do ano passado documentos com indícios de prática de caixa 2 e coleta e distribuição de propinas envolvendo o governador José Arruda (DEM-DF), secretários, deputados distritais e empresários.
A prática era tão corriqueira que, logo após a posse de Arruda, em janeiro de 2007, o secretário de Obras, Márcio Machado, esqueceu em uma emissora local de TV três documentos – uma espécie de roteiro da corrupção mapeada agora pela Operação Caixa de Pandora.
Márcio Machado foi à emissora para dar uma entrevista. Atendeu a um telefonema ao fim da gravação, tirou do paletó três papéis, consultou-os e saiu sem levá-los.
Os documentos foram parar no Ministério Público. Os manuscritos listam quatro dezenas de empresas, quanto foi coletado para a campanha e como o bolo era rateado.
Pelas anotações, Paulo Octávio pegou R$ 200 mil para quitar despesas com o dinheiro desse saldo de arrecadação de caixa 2 e o assessor Fábio Simão, outros R$ 200 mil.
De acordo com as investigações da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), empreiteiras e prestadoras de serviço pagavam propina aos envolvidos. Imagens gravadas com uma câmera escondida pelo ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda, Durval Barbosa, mostram integrantes do primeiro escalão e a políticos aliados em gabinetes do governo embolsando dinheiro e falando abertamente sobre o esquema.
O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente (DEM), aparece inclusive escondendo dinheiro nas meias e nos bolsos da calça e do paletó.