Em palestra para sindicalistas do setor petroleiro da Bahia, em Salvador, Dirceu criticou o que chamou de “excesso de liberdade” da imprensa. “O problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa”, afirmou o ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado pelo PT.
Segundo o professor, “é já uma disputa dentro do governo. Ele quis mandar um recado para a Dilma (candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff), de que ele quer espaço”, afirmou Cervi.
O professor entende que Dilma tem “poder de barganha” menor do que Lula tinha, por isso precisará mais do PT. “E tem o PT do Zé Dirceu e o PT do Antônio Palocci”, disse.
“O Zé Dirceu já mandou o recado dele”. Além disso, Cervi ressaltou que o ex-ministro da Casa Civil sempre foi um “homem de partido”. “Ele faz discurso partidário, o interesse também é o fortalecimento partidário”, afirmou.
Cervi disse não discordar do discurso do ex-ministro José Dirceu em relação ao monopólio da grande imprensa. Mas questionou sobre o que o ex-deputado e o PT fizeram nos últimos 30 anos com vistas a quebrá-lo.
“Os grandes meios de comunicação não vão ser bonzinhos e abrir mão do monopólio”, afirmou. “O que faltou nas últimas décadas foi competência para os movimentos sociais, e não adianta culpar a grande mídia pela incompetência”, disse o professor da Ufpr.
Para o também cientista político da Ufpr Ricardo Costa de Oliveira não se deve dar muita importância às palavras proferidas pelo ex-ministro. “Deve ser vista mais como opinião particular de um intelectual”, acentuou.
“Não representa posição oficial”. Segundo ele, a transcrição do discurso contém algumas lacunas, o que prejudicaria o entendimento. “O mais importante é que o PT assinou a Constituição de 1988, o que é uma responsabilidade com a ordem política e jurídica, além da Carta ao Povo Brasileiro em junho de 2002”, disse. “De maneira formal se compromete a respeitar contratos nacionais e internacionais e as instituições”.
Segundo Oliveira, os ataques entre personalidades políticas, que se tornaram comuns nos últimos dias, “não interessa à democracia brasileira e não acrescenta nada ao debate eleitoral”.
O cientista lembrou que normalmente agosto é considerado um mês de crises, mas, este ano, “houve um desempenho produtivo no debate eleitoral”. O mesmo não se pode dizer de setembro, repleto de dossiês.
“Tem que voltar a agosto, que foi enriquecedor para o eleitor”, sugeriu. “Dossiês não são pautas que convencem mais o eleitor, pois ele sabe que nas semanas anteriores às eleições há um festival de denuncismo”.