Após dois dias de silêncio, o Palácio do Planalto se pronunciou oficialmente neste domingo, 19, sobre o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que anunciou na última sexta-feira, 17, mudanças nos serviços de inteligência americanos, inclusive com a promessa de que não vai mais monitorar comunicações de chefes de Estado e governos aliados. Segundo o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, o governo brasileiro analisou “detidamente” o anúncio de Obama sobre mudanças nos serviços de vigilância virtual.
A sinalização da Casa Branca serviu como resposta às revelações do ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden de que os Estados Unidos monitoraram uma série de dirigentes estrangeiros, entre eles a presidente Dilma Rousseff e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. A Petrobrás e o Ministério de Minas e Energia também teriam sido dos alvos da espionagem norte-americana.
Ainda de acordo com Thomas Traumann, o discurso de Obama “é um primeiro passo” e o governo brasileiro “irá acompanhar com extrema atenção os desdobramentos práticos do discurso”.
As revelações de Snowden fizeram Dilma cancelar a visita de Estado que faria a Washington em outubro. Após o episódio, a presidente acabou escolhendo comprar caças da Suécia, em detrimento da oferta da norte-americana Boeing, considerada uma das favoritas – a francesa Dassault também estava na disputa.
Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, a presidente fez um duro discurso com críticas à espionagem norte-americana, classificando-a como “violação de direitos humanos”.
“Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país”, afirmou Dilma, na época.
Obama anunciou na última sexta-feira, 17, mudanças na vigilância virtual, como a determinação de que as agências de espionagem dos EUA deixarão de manter registros de gravações telefônicas dos americanos e a criação de uma defensoria pública para casos determinados. A Casa Branca também quer medidas de proteção de privacidade para estrangeiros, que não deverão ser alvo de vigilância pelos EUA, “salvo de houver motivo de segurança nacional”.
