Foto: Valquir Aureliano

Padre Roque pretende deixar o PT depois que sua inocência for comprovada.

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O ex-secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social Padre Roque Zimmermann (PT) encaminhou uma carta ao governador Roberto Requião (PMDB) pedindo ao Palácio Iguaçu que mobilize sua base aliada para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito destinada a apurar as denúncias de irregularidades na pasta durante sua gestão.  

Em reunião com a bancada estadual do PT ontem pela manhã, o ex-secretário disse que a CPI é a melhor forma de esclarecer as acusações que ele classificou como ?infundadas? contra ele e o atual diretor geral da pasta, Emerson Nerone, que conduziu a secretaria no ano passado. Zimmermann disse na reunião que pretende deixar o PT, mas somente depois que comprovar sua inocência.

Hoje, a Assembléia Legislativa começa a instalar a CPI das Organizações Não-Governamentais (Ongs), mas o autor da proposta, deputado Fábio Camargo (PTB), disse que não concorda com a inclusão das denúncias contra Padre Roque no rol dos temas da Comissão. Uma das acusações é que, durante o período em que o Padre comandou a secretaria, foram realizados contratos de prestações de serviços com organizações não-governamentais, que devolveriam os recursos para a formação de um caixa paralelo na secretaria.

A proposta de Camargo é investigar contratos de transferência de recursos públicos para ONGs e Ocips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). Camargo disse que pretende fazer apurações gerais e que não concorda em direcionar as investigações para um fato específico. Camargo afirmou que sua intenção é fazer um levantamento partindo de denúncias gerais sobre mau uso de recursos públicos por estas entidades, para, no final, propor uma regulamentação para o setor.

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O líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, Elton Welter, afirmou que o partido não se opõe à criação da CPI. Welter assinalou que a bancada não vê nenhum problema em levar as investigações para a Assembléia Legislativa, já que Zimermmann admitiu que fracionava os salários de cargos mais bem remunerados para distribuir entre funcionários que ganhavam menos. E essa, segundo Welter, seria a única medida questionável do ponto de vista legal que Zimmermann teria que esclarecer. Quanto às outras denúncias, todas são consideradas infundadas, disse.

Porém, o líder da bancada propôs à Zimmermann que se afaste temporariamente do partido até que as denúncias sejam esclarecidas. O presidente estadual do PT, deputado federal André Vargas, disse que a participação de Zimmermann no governo foi uma iniciativa individual e que, por isso, cabe a ele responder às acusações. ?O que o PT pode fazer é conferir que ele vai provar sua inocência ou sua boa fé?, disse.

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As acusações contra o ex-secretário foram publicadas originalmente no site do jornal Hora H, que atribuiu a fonte de informação ao atual secretário da área, Nelson Garcia, que teria constatado as irregularidades em uma auditoria que determinou ao tomar posse. Garcia, entretanto, negou a autoria das denúncias.

Em nota oficial no site oficial do governo, o atual secretário apenas confirma a divisão dos salários entre funcionários, mas nega que tenha encontrado qualquer outro tipo de deslize na gestão anterior. Ontem, o 1.º secretário da Assembléia Legislativa, Alexandre Curi, disse que Garcia confirmou que até amanhã irá se reunir com os deputados para responder as suas dúvidas sobre o assunto.