Padre aplica ética de campanha no município de Verê

Em Verê, uma cidade de cerca de oito mil habitantes situada entre Dois Vizinhos e Pato Branco, na região sudoeste do Estado, toda forma de propaganda foi abolida e a campanha eleitoral segue o rito determinado pelo pároco local, padre Ronaldo Kuhnen.

Os dois candidatos à prefeitura, o atual prefeito Toninho Beal (PMDB) e o ex-prefeito Loivo Roque Ritter (PDT), acataram uma proposta de regulamento de Kuhnem e abriram mão de bandeiras, adesivos, panfletos, cartazes, comícios e mais: os candidatos não podem falar mal um do outro e nem relembrar o passado.

Para abordar o eleitor, os candidatos se reúnem nos salões paroquiais das capelas dos bairros e sob o comando do padre, cada candidato a prefeito e a vice-prefeito tem trinta minutos para expor seus projetos.

Os candidatos a vereador têm cinco minutos para pedir o voto. E é tudo. No mais, o padre já avisou que irá se encarregar de cobrar cada uma das promessas apresentadas.

Convidados a ajudar na eleição, os deputados estaduais Nereu Moura (PMDB), cabo eleitoral de Beal, e Augustinho Zucchi (PDT), que apóia Ritter, estranharam o estilo de campanha em Verê.

“Na eleição passada era uma guerra de bandeiras. Agora não se vê nada. A cidade está em paz. E parece que a população gosta. Mas é ruim porque são dois ex-prefeitos, o atual está no segundo mandato, e não é permitido fazer comparações entre as duas administrações. Isso não é bom”, comentou Moura, acostumado a participara de barulhentas carreatas e animados comícios em várias cidades do interior do Estado.

Zucchi diz que respeita a decisão da população, mas que apesar de aprovada pelo eleitor, a fórmula do padre mata o espírito da campanha eleitoral. “Eleição é uma festa cívica. É o embate das idéias, a discussão. Mas se a população acha que está bom, tudo bem….”, comentou o deputado pedetista.

“Baderna”

O padre Ronaldo disse que é apenas um “mediador” e que o formato da campanha foi decidido de comum acordo com os candidatos. E não vê problemas em desaparecer com o aparato de propaganda eleitoral. Para o padre, adesivo, bandeira, carretas não passam de “expressão de baderna” sem nenhum sentido.

“É um gasto enorme de dinheiro que nada traz para as pessoas. Estamos fazendo uma campanha digna de pessoas que se dizem cristãs porque antes havia muita divisão no município”, afirmou o padre, que está há sete meses em Verê.

As reuniões nas comunidades são mais produtivas, acredita o padre. “Estamos dando um primeiro passo na direção de uma boa disputa. Há muitas forma de fazer campanha. A política não deve parar nossas vidas. Até agora, está dando tudo certo”, justificou.

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