O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já está em ritmo de campanha eleitoral desde que voltou da viagem que fez à Cuba acompanhando a presidente Dilma Rousseff. Oficialmente, ele deixa o cargo na segunda-feira, 3, dia da posse de seu sucessor, Arthur Chioro, atual secretário da saúde de São Bernardo do Campo. Padilha faz questão de frisar que vai trabalhar pelo ministério até “o último dia e a última hora”. Na prática, porém, a agenda no Estado de São Paulo ganhou força nos últimos dias. Entre quinta e sexta-feira (30 e 31), o ministro teve sete agendas públicas, a maioria na capital e duas em São Bernardo. Neste sábado, 1º, ele deve ir até Hortolândia e Ubatuba em agendas do ministério.
Em evento em São Bernardo do Campo na tarde desta sexta, o deputado federal Vicentinho, do PT, disse para uma plateia de cerca de 300 pessoas que não era a hora de fazer campanha política, mas anunciou: “na condição de deputado federal, dou a notícia: esse companheiro vai sair candidato a governador pelo Estado de São Paulo”. No palco, ao lado do prefeito da cidade, Luiz Marinho, e de Chioro, Padilha sorriu desconfortável.
Pela manhã, Padilha foi ao Sindicato dos Comerciários, onde participou de uma campanha de conscientização sobre hepatites e depois visitou o Hospital Samaritano, antes de ir a São Bernardo. Na cidade onde mora o ex-presidente e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro visitou uma Central de Regulação Médica e o sistema de câmeras de monitoramento integradas com a Defesa Civil, autoridades de trânsito e SAMU. Além de Chioro e Marinho, o secretário de Saúde de São Paulo, José de Filipe Jr., também acompanhava Padilha. Na sequência, todos foram a pé ao teatro Cacilda Becker, no centro da cidade, para a cerimônia em que Chioro passou o cargo de presidente do Conselho dos Secretários Municipais da Saúde de São Paulo para o secretário de Bauru, Fernando Monti.
O ministro da Saúde, durante seu discurso, voltou a dizer que usará todos os meios possíveis para divulgar a campanha de vacinação de HPV. O pronunciamento do ministro na televisão sobre a campanha é objeto de questionamento por parte do PSDB à Procuradoria Geral da República. Os tucanos pedem que seja investigada eventual improbidade administrativa por promoção pessoal, o que Padilha rechaçou na manhã desta sexta. Ele defende que a campanha teve início já por conta do retorno às aulas.
No dia 28 de março, já não mais como ministro, Padilha volta a São Bernardo para receber título de cidadão são bernardense. Nos eventos da manhã, funcionários e parceiros do Ministério da Saúde se diziam “de luto” com a saída de Padilha. À tarde, o futuro candidato foi tratado como “o melhor ministro da Saúde”. “O Padilha é o melhor ministro da Saúde que eu reconheço. Do nosso governo (PT), foi o melhor”, disse Marinho, repetindo, segundo ele, frase da presidente Dilma Rousseff.
O ministro deixou o último evento sem falar com a imprensa para um compromisso que não foi divulgado. Na segunda, ele volta à Brasília para a posse de Chioro e depois, retorna a São Paulo onde deve, oficialmente, preparar a campanha. “Estou me preparando psicologicamente para na segunda, chegar lá e dizer: agora quem dá bola é o Santos”, cantou Padilha, corintiano, brincando sobre o hino do time de Chioro, o Santos.