O delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace afirmou ao juiz federal Sérgio Moro nesta segunda-feira, 8, que “não se vislumbrou competência da Justiça Federal” para investigar um suposto estelionato contra Amanda Bendine, filha do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine. O magistrado havia determinado que a PF abrisse um inquérito para investigar a autoria de um e-mail enviado a Amanda Bendine.

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A ordem de Moro atende a pedido dos advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Cláudia Vara San Juan Araujo, que defendem o executivo. A defesa de Bendine relatou ao magistrado que a mensagem foi recebida por Amanda no dia 2 de julho, e pedia um depósito de R$ 700 mil para pagar uma decisão em habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Após a decisão do juiz da Lava Jato, Filipe Pace informou ao magistrado que a ordem judicial seria encaminhada ao Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado “para as medidas que julgar cabíveis”.

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“Saliento que, em análise preliminar, não se vislumbrou competência da Justiça Federal para apuração dos fatos – suposto crime de estelionato na forma tentada contra Amanda Bendine -, uma vez que o caso não parece atender, de forma cumulativa, aos três requisitos para definição da competência da Justiça Federal em crimes cibernéticos (que o fato seja previsto em tratado ou convenção; que o Brasil seja signatário de compromisso internacional de combate aquela espécie delitiva; que exista uma relação da internacionalidade entre a conduta criminosa praticada e o resultado produzido – ou que deveria ser produzido)”, anotou o delegado.

“A mera prática delitiva em ambiente da Internet não é suficiente para a atração da competência da Justiça Federal. Ademais, parece igualmente ausente substrato fático para atuação da Justiça Federal segundo as demais hipóteses previstas no artigo 109 da CF/88.”

Pace observou, no entanto, que a “manifestação definitiva no âmbito desta Superintendência competirá ao excelentíssimo DRCOR ou à Excelentíssima Corregedora”.

Mensagem

Bendine foi preso no dia 27 de julho na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato. O ex-presidente da Petrobras é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht. O e-mail foi enviado à filha de Bendine às 17h50 do dia 2 pelo remetente aldemirbendine63@bol.com.br.

“Filha é o pai. Um agente está me ajudando neste e-mail. Estou bem avisa a sua mãe e a Andressa. Tenho um contato no RJ que tem uma conexão com o STF. Para garantir o habeas corpus domiciliar. Eu já tinha combinado o valor com eles. Fale com a Silvana fazer um TED para o banco do Brasil agência 1257-2 conta 3933_0 nome Alexandre Inácio, valor 700 mil reais”, diz a mensagem.

Os advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Cláudia Vara San Juan Araujo, que defendem Bendine, sugeriram a Moro que quebrasse o sigilo do remetente e também da conta corrente indicada para depósito, para que pudesse ser identificada a sua titularidade.