Apesar do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não ser ainda um termo muito conhecido da população de menor renda, a sigla deverá estar entre os principais temas em debate nos palanques eleitorais deste ano. A análise é do especialista em pesquisas eleitorais Sidney Kuntz. Ele conta que avaliações feitas nos bastidores do próprio governo indicam que a criação de emprego e a distribuição de renda desses projetos deverão render importantes dividendos eleitorais neste ano de eleições presidenciais.

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“Por conta dos dividendos que o programa poderá render nas urnas, mesmo que o nome PAC ainda não tenha impacto direto no eleitorado, sobretudo o de baixa renda, que usualmente é quem decide um pleito, o programa deverá ganhar ainda mais divulgação e propaganda para se transformar em um dos principais temas dessas eleições”, destaca Kuntz. Ele diz, inclusive, que a oposição também vem contribuindo para disseminar esse termo, ao criticar o programa. “A oposição, ao criticar sistematicamente o PAC, citando a sigla, está contribuindo para gravar essa marca na cabeça do eleitorado”, diz o especialista, lembrando o dito popular: “Fale mal, mas fale de mim.”

O cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, também concorda que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ainda é desconhecido da população de baixa renda. Ao contrário de Kuntz, Carlos Almeida acredita que, por esse motivo, o programa não pode ser considerado um fator de alavancagem eleitoral. “É diferente do caso do Bolsa-Família”, explica. “O Bolsa-Família é um benefício direto, o qual vai todo mês para o bolso do cidadão. Já o PAC é um benefício indireto, por tratar-se de obras que dependem do andamento.”

Mas se depender da divulgação que o governo federal vem fazendo desses projetos e do empenho da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff – possível candidata do PT à Presidência da República e considerada “mãe” do PAC -, o programa deverá mesmo se tornar uma das grandes peças dessa campanha.

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Balanço

Hoje pela manhã, em Brasília, a ministra apresentou o balanço de três anos deste programa – o último antes de se desincompatibilizar do governo para entrar na disputa eleitoral. No vídeo do balanço do PAC, apresentado antes da apresentação da ministra, o governo não deixou de lado o tom eleitoral ao citar, por exemplo, que este programa foi uma resposta para deixar o Brasil preparado para crescer e que em algumas áreas, como a ferroviária, foram retomados investimentos que estavam paralisados há muitos anos.

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Pesquisas realizadas pelo Instituto Análise indicam que o governo terá de fazer um grande esforço para levar o PAC ao conhecimento da maioria do eleitorado. Alberto Almeida, autor dos livros “A Cabeça do Brasileiro” e “A Cabeça do Eleitor”, avalia o grau de desconhecimento por meio de pesquisas qualitativas feitas com pessoas de distintos estratos socioeconômicos. “Em um grupo de 10 pessoas, apenas uma é capaz de dizer de que se trata o PAC, mesmo assim de forma superficial.”

Para o especialista Sidney Kuntz, contudo, o desconhecimento do que se trata o PAC não deverá ser empecilho para a candidata da situação. “Se Dilma for capaz de traduzir em números os reflexos da geração de emprego e distribuição de renda para a grande massa do eleitorado, poderá ter no PAC uma de suas principais peças de sustentação de campanha.” E Kuntz acredita que a sigla de três letras vai se tornar cada vez mais conhecida pela população, seja pela propaganda do governo federal ou pela “força” que a oposição vem dando nessa disseminação, ao criticar o PAC.