Vice-líder do governo na Câmara, o deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB) criticou parte da proposta de reforma política já aprovada pela comissão especial para o tema no Senado. A principal contestação de Serraglio é quanto à votação em lista fechada nas eleições proporcionais, método que classificou de antidemocrático.
“Uma lista, na forma como é disposta, já elege aqueles que são os primeiros nomes. Se hoje reclama-se dos gastos em campanha, imagina quanto não vai se gastar para ter o nome entre os primeiros da lista?”, questionou, comentando que muitos países estão acabando com o sistema de lista fechada “para não ficarem condicionados a alguns grupelhos que comandam o partido”.
Serraglio citou que com a lista fechada acabará a possibilidade de alguém sem tradição político-partidária conseguir se eleger por apresentar, durante a campanha, novas ideias, propostas alternativas ou conquistar o eleitor pelo carisma. “Se ele estiver no PMDB do Paraná, por exemplo, só vai entrar se estiver entre os seis ou sete primeiros nomes da lista. Os demais, por melhor que forem, ou por mais criativa que fizerem suas campanhas, é sabido que só estarão lá para somar votos para a legenda”, comentou. “Então, sob esse viés, teria sim algo de antidemocrático, pois quem vai escolher os deputados será o partido e não mais pelo cidadão”.
Outra medida que o deputado lamentou é o fim da reeleição, mas, desta vez, Serraglio disse concordar com a proposta. O que ele criticou foi o fato de o Brasil ter de retroagir no assunto por não ter sabido usar o artifício da reeleição. “Nós mostramos, aqui, que não estamos preparados para a reeleição, pois há um abuso absurdo da máquina”, disse. “Se permitíssemos a reeleição no sentido de que quem está administrando bem deva prosseguir, é bom para a população que ele continue, sim deveríamos ter essa opção, mas, se retirarmos, é sinal de que não fomos coerentes com a norma. Criamos uma regra e abusamos dela”, concluiu.