Foto: Anderson Tozato

Senador Osmar Dias diz que paranaense paga Cide e pedágio. 

continua após a publicidade

O senador Osmar Dias (PDT) está propondo que o governo federal ajude a financiar as obras nas estradas privatizadas no Paraná em 1998 como forma de reduzir as tarifas cobradas pelas seis concessionárias.  

O senador pedetista acha que a União deve usar a sua parte dos recursos da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), cobrada sobre a venda de combustíveis, para investimentos nas rodovias paranaenses, ao mesmo tempo em que deve ser feita uma renegociação dos contratos com as empresas.

O argumento de Osmar é que no novo modelo de concessões, inaugurado com o leilão de 2,6 mil quilômetros pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) na terça-feira, dia 9, o governo federal está aplicando a receita da Cide que cabe à União (parte da arrecadação é repassada aos estados) para obras nos trechos, reduzindo o investimento das empresas e, por conseqüência, o valor que será cobrado do usuário. ?O modelo pelo qual foram assinados os contratos do Paraná está ultrapassado?, afirmou o senador.

Ele citou que, na nova fórmula de concessão adotada pelo governo federal, as empresas são dispensadas do pagamento do valor da outorga e a taxa de retorno do investimento ficou em torno de 10%. No Paraná, a taxa é de mais de 20% e as empresas pagam a outorga, comparou. Para o senador, um acordo entre as empresas, União e governo estadual poderia eliminar estes pontos do contrato, que segundo o pedetista, encarecem a tarifa.

continua após a publicidade

Na proposta de Osmar, ao serem desobrigadas de algumas obras que seriam assumidas pelo governo federal, as empresas cobrariam menos, sem trazer prejuízos no seu rendimento. ?É necessário um acordo entre o governo estadual, a União e as empresas porque o paranaense não pode ser punido?, disse.

?Não é possível que o cidadão pague a tarifa mínima de R$ 10,90 para rodar num trecho de cerca de 100 quilômetros, entre Curitiba e Paranaguá quando irá pagar R$ 5,15 para seguir até Florianópolis, numa viagem três vezes mais distante. O cidadão do Paraná paga a Cide como em qualquer outro lugar do país. O paranaense não pode pagar duas vezes. Pagamos a Cide e o pedágio.?, afirmou.

continua após a publicidade

Osmar citou que desde a criação da Cide, o governo federal já arrecadou R$ 43,3 bilhões. A contribuição foi instituída para obras de construção e reparação das rodovias federais. Para o senador, o leilão de terça-feira passada mostrou que os preços do pedágio podem ser inferiores, mas desde que haja uma contrapartida do governo federal.

Escolha

O Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge-PR) anunciou que vai ingressar com ação na Justiça pedindo o fim da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). ?A gente quer que acabe a Cide, que não foi utilizada nas rodovias, e que todo o valor seja devolvido?, afirmou o presidente do sindicato, Ulisses Kaniak. Segundo ele, a ação deve ser apresentada em conjunto com o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), mas por enquanto não há previsão da data. O Senge-PR havia ingressado na Justiça na tentativa de impedir a realização do leilão de concessão das rodovias.

Batalha judicial ainda prossegue

Roger Pereira

Apesar do sucesso da Advocacia-Geral da União, que conseguiu derrubar todas as decisões liminares contra as concessões rodoviárias e, assim, garantiu a realização do leilão de todos os trechos na última terça-feira, as batalhas judiciais contra os novos pedágios estão longe do fim. A Procuradoria Regional da República da 4.ª Região (PRR4) informou ontem que vai interpor agravo legal contestando a decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região que permitiu a realização do leilão.

Para o procurador regional da República Roberto Luís Oppermann Thomé, esse é apenas um passo num longo caminho que não se esgotou com a realização do leilão. ?O fundamental é o mérito da ação civil pública ajuizada pelo colega da Procuradoria da República no Paraná, que questiona a forma como está sendo feita a concessão das rodovias?, destacou.

O objetivo da ação pública é a anulação dos editais e dos respetivos contratos de concessão.