Um dos focos principais do debate interno do PSDB sobre seus caminhos para a sucessão de 2006, o senador Osmar Dias (PDT), ao retornar ontem da Espanha afirmou, em nota, que não está disposto a fomentar a polêmica que começou com declarações do presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), citando a possibilidade de os tucanos apoiarem o PMDB na eleição do próximo ano.
Osmar disse que os tucanos sabem o que é melhor para eles e que o PDT mantém o projeto de lançar um candidato próprio ao governo. Segundo o senador, o PDT vai continuar conversando sobre alianças para o seu projeto ao governo com os partidos que estiverem interessados. No desfecho da nota, Osmar relembra sutilmente aos tucanos que, em 2004, o PDT deu seu apoio ao projeto do PSDB de eleger Beto Richa para a prefeitura de Curitiba. O pedetista não cobra diretamente a retribuição, mas classifica como "lealdade" a posição daqueles tucanos que continuam pregando o apoio à sua candidatura ao governo.
"O PDT sempre assumiu posições claras, firmes e seguiu unido em suas decisões como, por exemplo, na campanha de 2004. Não posso deixar de agradecer a lealdade – virtude que considero muito importante -daqueles que continuam defendendo a aliança com o PDT. Sempre valorizamos muito esta qualidade e saberemos retribuir àqueles que nos respeitam e nos são leais", provocou o senador.
Choque
A avaliação de Brandão sobre o cenário eleitoral do próximo ano retirou de Osmar a confortável situação de candidato favorito de um amplo setor dos tucanos ao governo no próximo ano. O senador era apontado como o nome que encabeçaria a frente ao governo formada pelo PSDB-PDT e PFL. Ao listar outras possibilidades – a candidatura própria do senador Alvaro Dias ou o apoio à reeleição do governador Roberto Requião – o presidente da Assembléia e vice-presidente estadual disse apenas o que os tucanos evitavam: que se for mantida a regra da verticalização, que obriga os partidos que tiverem candidato próprio à presidência da República a repetirem nos estados as mesmas alianças, o apoio a Osmar fica bastante comprometido.
Na nota, o senador pedetista que resistiu a deixar o PDT e se transferir para o PSDB, classifica a discussão sobre uma aproximação entre PMDB e PSDB como "assuntos internos de outros partidos" e que cada um tem o direito de decidir "o que julga melhor para os seus quadros". Quanto ao PDT, Osmar disse que seu partido está definido e irá se manter longe do debate envolvendo os tucanos.
"O PDT tem uma decisão pública, clara e definida e o Paraná a conhece. O partido entende as discussões que ocorrem nos outros partidos e, inclusive, as indefinições, mas não participará desse debate porque isso diz respeito ao direito que cada partido tem de decidir o que julga melhor para os seus quadros", diz.
O vice-presidente do PDT, Augustinho Zucchi, disse que independente de a verticalização continuar ou não em vigor, a candidatura do senador é uma prioridade para a direção nacional do PDT. Ou seja, o PDT não vai lançar um candidato à sucessão presidencial e ele será livre para fazer as composições que julgar necessárias no Estado, afirmou.