Eleições 2010

Osmar já trabalha como candidato ao governo

Enquanto PSDB, PMDB, PT e outros partidos ainda estudam a melhor opção para a sucessão estadual, o senador Osmar Dias (PDT) já trabalha como
candidato. Em entrevista a O Estado do Paraná, ele disse que sua candidatura é irreversível e lembrou que já está preparando um plano de governo.

Ainda sem saber com quais partidos poderá contar em sua campanha, o segundo colocado nas eleições estaduais de 2006 disse que conta com a manutenção da aliança que reelegeu Beto Richa (PSDB) em Curitiba, mas não descarta uma possível composição com o PT de Lula.

O Estado – O senhor já anunciou que é candidato e tem uma aliança com PSDB, DEM e PPS. Agora, o PT do presidente Lula indicou que gostaria de ter o senhor como candidato do grupo. Qual sua preferência, manter a aliança atual ou ser candidato pelo grupo ligado ao presidente Lula?

Osmar Dias – Não é uma questão de preferência, mas de observar a realidade. Temos no Paraná uma aliança construída desde 2004 que sofreu algumas baixas em 2006. Pois quando se fala que o PSDB me apoiou em 2006, tem que rever. O PSDB não me apoiou no primeiro turno e, no segundo turno, apenas uma parte me apoiou, outra parte apoiou o governador. No ano passado, o PDT inteiro apoiou a candidatura do Beto Richa e nós fizemos alianças em muitas cidades no interior, ora o PSDB como cabeça de chapa, ora com o PDT e tentamos reproduzir a aliança de Curitiba com os outros partidos também, DEM, PPS, PSB. E onde deu, conseguimos repetir. Então não é uma questão de preferir essa ou aquela aliança. É de primeiro saber se os aliados pretendem continuar com esse grupo. De minha parte, eu tenho feito todo o esforço para que a aliança permaneça viva. E de outro lado, acho que o ponto principal de discussão neste momento não é nem a aliança. É quem está preocupado em apresentar um bom projeto para o Paraná. Eu estou elaborando um projeto e vou apresentar. As alianças devem ser confirmadas ou não em cima desse projeto. De outro lado, o presidente Lula está com 84% de aprovação. É um presidente que tem programas sociais importantes, que atingem as necessidades dos que mais precisam de governo e, para mim, é, hoje, o brasileiro que mais entende de povo. E sendo ele o homem que mais entende de povo, dizendo que me que ver como governador do Paraná, só tenho motivo de orgulho. Não sei porque houve tanto alvoroço com a declaração do presidente Lula. Por várias vezes ele já tinha manifestado essa simpatia pelo meu nome, que é reconhecimento da minha atuação em Brasília.

OE – E como o senhor está trabalhando para, ao mesmo tempo, manter essa aliança sem fechar a outra porta?

OD – Eu estou, nesse momento, dando prioridade à construção de um projeto de governo. A conversa sobre alianças está sendo muito adiantada.

OE – Quando o senhor acha que haverá a decisão sobre as coligações e quando o senhor apresentará seu plano de governo?

OD – Houve um jornalista que deu uma notícia de que eu divulgaria um plano de governo em março. Estão querendo me transformar em burro, coisa que não sou. O que disse é que a partir de março vou começar a discutir em cada região o que a população espera do próximo governo e compatibilizar isso com nossa equipe de trabalho. Apresentação de projeto de governo vai ocorrer durante a campanha eleitoral em 2010. Acho que até o final deste ano teríamos que ter uma definição de como vão estar os partidos e quais os cenários que nós vamos ter de disputa. Até porque vamos elaborar um projeto que pode receber, dos partidos que integrarem a aliança, novas ideias e propostas. Temos de ter tempo de elaborar o projeto de governo, em cima desse projeto, constituir as alianças e dar tempo para que os aliados façam suas sugestões ao projeto.

OE – Nacionalmente, é mais in,teressante dividir palanque com qual candidato à presidência, a ministra Dilma Roussef (PT), que vem crescendo junto com a popularidade de Lula, ou o governador José Serra (PSDB), que hoje lidera as pesquisas?

OD – Na eleição de 2006, meu adversário não ficou com ninguém. Não tenho que pensar no que é melhor para mim, e sim no que é melhor para o Estado. E o melhor para o Estado é trabalhar para construir este projeto junto com a população.

OE – Pela manutenção da atual aliança, o senhor abriria mão da candidatura?

OD – Minha candidatura não é uma decisão pessoal. Não tenho direito de abrir mão de algo que não me pertence.

OE – O senador Alvaro Dias se anunciou pré-candidato ao governo no início da semana. Pode haver disputa entre irmãos?

OD – Não há nenhuma hipótese de disputa entre irmãos. Não é nem porque a população possa não gostar, mas porque nós dois não aceitamos.

OE – E como estão as conversas com seu irmão sobre a sucessão?

OD – Almocei com o Alvaro ontem (quinta-feira) e ele pagou o almoço.

OE – Se o candidato do PSDB não for o Alvaro, o senhor vai para a disputa contra os tucanos?

OD – O PSDB é aliado e espero que continue sendo.

OE – E com o prefeito Beto Richa, como está a relação?

OD – Com o Beto conversei quarta-feira. Continua no mesmo nível de entendimento. O Beto nunca me disse que é candidato e nem que não é. É um direito que ele tem de manter a sua decisão em seu íntimo, mas chegará o momento que teremos que conhecer qual é essa decisão.

OE – Como o senhor interpretou o “preferencialmente” anunciado pelo PSDB sobre a candidatura própria ao governo?

OD – É uma decisão tucana. Preferencialmente vai daqui até a China. É o pode ser como o pode não ser. Preferencialmente significa que há a possibilidade de aliança com o PDT, sendo o candidato do PDT, por exemplo.

OE – A declaração do presidente Lula é de que ele queria ver juntos PT, PDT e PMDB. O senhor aceitaria disputar uma eleição ao lado do governador Roberto Requião (PMDB)?

OD – Não tenho pensado nisso.

OE – O senhor e o PT têm uma trajetória de ideias divergentes. Aceitaria o apoio de um partido que, por exemplo, apoia o MST?

OD – Faria campanha com todos os partidos que quisessem apoiar os projetos que vou apresentar.

OE – No início das atividades do Congresso, o senhor recusou convite ao PDT para fazer parte do bloco de apoio ao governo no Senado, por quê?

OD – Desde quando o senador Jefferson Perez era vivo, o PDT vinha adotando essa postura de independência. Dentro de um bloco de apoio ao governo, todas as decisões do bloco tem que ser seguidas por todos os partidos. E o PDT tem dentro de seu programa algumas prioridades que nós defendemos e que, às vezes, não coincidem com as prioridades do bloco. Então, essa independência é importante para que os senadores possam votar de acordo com a orientação do partido e não do bloco. Isso não significou, e aí outra notícia equivocada, uma ameaça de sair da base de apoio ao governo. Não houve isso. Um partido que tem um ministro não pode ameaçar sair. Tem que, primeiro, tirar o ministro. Mas o partido continua na base de apoio ao governo Lula.

OE – Como o senhor avalia a proposta de reforma política apresentada ao Congresso?

OD – O projeto, além de ter sido apresentado fatiado, o que significa que poderemos aprovar algumas propostas e outras não, é muito tímido. Ele apresenta cinco ou seis itens apenas. O primeiro é a fidelidade partidária. Sou de pleno acordo. Tem que haver, sem janela, que seria uma vergonha. O financiamento público de campanha tem de ser discutido junto com a criação de mecanismos de controle e fiscalização para que não seja um financiamento misto. A lista fechada, eu tenho muita preocupação com a possibilidade de isso se transformar, numa ditadura de comandantes de partidos. Pode ocorrer injustiças. Não gosto dessa proposta. O fim das coligações nas proporcionais é importante, tem coerência com a fidelidade partidária. Em 2006, o PTB estava na minha aliança, mas deputados do PTB trabalharam para meu adversário, e foram eleitos com os votos para a minha coligação. Isso é uma coisa perversa. Se quiser falar em fidelidade, tem que pensar nisso também. Mas faltou ser colocado no debate a duração dos mandatos, o voto distrital misto, a questão da reeleição, tudo isso ficou fora de discussão.

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