A movimentação de um grupo do PSDB para transformar, desde já, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), em candidato ao governo em 2010, causou mal-estar em setores da aliança que sustenta o projeto da reeleição do tucano no próximo domingo, dia 5.
O senador Osmar Dias (PDT), que não aparenta a menor disposição de abdicar de concorrer ao governo em favor de outra candidatura na sucessão estadual, disse que está “alerta” e reagiu: “Ficaria mal eu ficar comentando uma candidatura do Beto ao governo já que estou trabalhando e pedindo apoios para que ele seja reeleito prefeito. E um prefeito, todo mundo sabe, tem mandato de quatro anos”, disse.
Osmar tocou num ponto que as lideranças tucanas têm evitado e que é a possibilidade de Beto cumprir apenas metade de um provável próximo mandato, se confirmada a tendência da reeleição, indicada por todas as pesquisas de intenções de votos divulgadas até agora. Disputar o governo significa abreviar o mandato e nenhum dos tucanos que está no comando do partido quer ouvir falar nisso a sete dias da eleição.
Agência Senado |
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Osmar Dias: “Estou na estrada”. |
O presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, é categórico. “É no mínimo inoportuno falar disso agora. Primeiro, precisamos ganhar a eleição. Em segundo lugar, fazer mais um bom mandato. Depois, é com os aliados que nós vamos conversar sobre isso. Todo filiado tem legitimidade para defender sua tese. Mas é preciso respeito”, disse Rossoni, sem esconder a irritação com o grupo liderado pelo filiado Paulo Rossi que, anteontem, distribuiu um texto lançando Beto Richa para o governo.
“O PSDB sabe o quanto foi importante as alianças em Curitiba. Não podemos ficar discutindo o futuro, sozinhos. O Beto chegou até aqui com humildade. É um exemplo a ser seguido”, aconselhou.
Contribuição
Se Beto for consagrado nas urnas do próximo domingo, é bom não esquecer a participação dos aliados nesse processo, sugeriu o senador Osmar Dias. “É natural que o prefeito esteja tendo um bom desempenho em Curitiba. Mas vamos somar esse desempenho com a aliança. Nós evitamos candidaturas de partidos aliados”, observou o senador.
Sobre 2010, o senador pedetista não deixa dúvidas. Disse que o PDT tem um projeto de candidatura ao governo, que está elaborando um plano de governo e que tem recebido manifestações de vários partidos da aliança de Curitiba para que concorra em 2010.
“Inclusive de importantes lideranças do PSDB. Estou na estrada e estou ouvindo, no interior, apelos para me tornar candidato novamente. Esses apelos vêm do PSDB também. E quem está formulando um plano de governo não está brincando”, disse.
Em 2006, Osmar lembra que foi “convocado” a ser candidato num cenário adverso e em que ninguém mais quis se arriscar. “Tem gente que esquece que eu fui o candidato contra as máquinas dos governos estadual e federal. E que o atual governador estava muito bem avaliado pela população. O cenário agora é diferente”, comparou.
Osmar, entretanto, disse que não vai se aborrecer com os setores “afoitos” do PSDB, que estão antecipando a disputa de 2010. “Esse é um tema para ser discutido mais adiante.
A aliança desta eleição deveria ser projetada para 2010. Se não for possível, sentamos e conversamos. Sem estresse. Sem cobranças. E sem vaidades”, disse o senador.