O senador Osmar Dias (PDT) não pretende se transformar num obstáculo às definições do PSDB e PFL, que estão pressionando pela confirmação de sua candidatura ao governo para decidir seus rumos eleitorais. "Se acham que não podem ficar esperando, não quero ser acusado de inviabilizar o projeto de um outro partido. Não quero interferir e os partidos devem deliberar a partir de suas análises. Que cada partido se sinta livre como o PDT é para decidir suas posições", afirmou o senador pedetista.
Ele se reuniu ontem, em Brasília, com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que vem fazendo uma rodada de reuniões nos estados para decidir sobre a candidatura própria e comunicou ao senador paranaense que a decisão não sairá antes do final de abril. E que, se for o caso, novas reuniões serão realizadas ainda em maio, já que há um terceiro pretendente à candidatura presidencial: o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa. Os outros dois são os senadores Cristovam Buarque (DF) e Jefferson Peres (AM).
A última reunião dos pré-candidatos do PDT à Presidência da República com a direção do partido nos estados será no próximo dia 25, em Brasília. Pode ser a última do mês, mas não está descartado um outro encontro em maio, informou o senador.
Diante da posição do dirigente nacional e do calendário do diretório, Osmar reafirmou que não tem a possibilidade de selar um compromisso neste momento com os tucanos e pefelistas. E que além disso, conforme explicou ontem ao ex-governador Paulo Pimentel, durante o programa Tribuna na TV, sua saúde também é um fator decisivo para a candidatura. O senador está em tratamento de flebite e ainda não recebeu alta médica. Osmar disse que se sente desrespeitado a cada vez que alguém emite uma opinião subestimando seu problema de saúde ou fazendo gracejos. "Ninguém quer ficar doente. E quando ficamos, é preciso respeitar", desabafou.
Osmar comentou que cada sigla tem seu próprio ritmo e calendário. "Não tenho a pretensão de segurar ninguém. Estou trabalhando com uma situação que me é imposta. Quero continuar conversando com os partidos, mas a legislação é que vai dizer se podemos ou não fazer essa aliança", afirmou. O senador afirmou ainda que, no PDT do Paraná, não há cobranças. "Há o desejo de que eu venha a ser candidato."
Tendências
O senador paranaense repetiu ao presidente do partido a mesma posição que já vem manifestando há algum tempo. Ele acha que o PDT não tem estrutura para ter uma candidatura à Presidência. A regra da verticalização das coligações partidárias obriga os partidos que tiverem candidatos a presidente a reproduzirem nos estados as alianças nacionais. Para Osmar, a fórmula aniquila suas chances de compor uma aliança mais ampla no Estado. Ele acredita que, para a sobrevivência da sigla, seria melhor dar prioridade às candidaturas aos governos estaduais. "Seria a melhor forma para vencermos a cláusula de barreira", disse o senador, referindo-se à regra que obriga os partidos a somarem 5% dos votos nos estados para continuar tendo representação como bancada no Congresso Nacional.
Mas o presidente do partido apresentou outros argumentos. Segundo o senador, Lupi disse que sente uma inclinação maior nos estados pelo lançamento de candidato próprio. E que o PDT, por não ter sido incluído no escândalo do mensalão no Congresso Nacional, tem a possibilidade de oferecer um nome novo e sem o desgaste dos demais partidos, na disputa presidencial.
PFL cogita ligação com Rubens Bueno
Angustiados com a indefinição da candidatura ao governo da frente de oposição, o PFL avisou que está disposto a se separar do PSDB e pode ir parar no palanque do PPS se gorar a candidatura do senador Osmar Dias, ou do seu substituto tucano, o senador Alvaro Dias, ao governo. E o afastamento será mais radical se o PSDB se aproximar do palanque à reeleição do governador Roberto Requião (PMDB).
O secretário geral do diretório estadual do PFL, deputado Elio Rusch, disse que o partido tem um plano "B" que passa pela coligação com outros partidos que não lançarem candidato à presidente da República. Mas ressaltou que, no palanque de Requião, o PFL não sobe. "O PFL nunca vai coligar com o PT. Mas é menos difícil o PFL fazer aliança com o PT do que com o PMDB", declarou Rusch.
O líder da bancada, Plauto Miró Guimarães, revelou que a composição com o PPS, se o deputado federal Roberto Freire não disputar a sucessão presidencial, é uma das alternativas do PFL do Paraná. "Nosso candidato é o Osmar Dias. Nós estamos aguardando uma posição dele. Se não for ele, pode ser o Alvaro. Mas o que o PFL não fará é uma aliança com o PMDB. Neste caso, é mais fácil ter um candidato alternativo e ele seria o Rubens Bueno", afirmou Miró Guimarães.
Órfãos
A insistência do PFL paranaense em rechaçar a possibilidade de um acordo com o PMDB foi desencadeada pelas declarações do senador Jorge Bornhausen, presidente nacional do partido, afirmando que os peemedebistas seriam bem-vindos numa composição nacional entre o PFL e o PSDB. "Ele disse isso ao Michel Temer (presidente nacional do PMDB) porque quis ser simpático. Mas a cabeça de chapa é o Geraldo Alckmin e o vice é do PFL", comentou o secretário-geral do PFL.
O dirigente do PFL acrescentou que, se for preciso, o partido lança até mesmo um candidato próprio ao governo. "Não somos e nunca seremos órfãos", disse Rusch, reforçando a posição do vice-presidente estadual do PFL, deputado Durval Amaral, que anteontem disse que a pré-candidatura do deputado federal Gustavo Fruet não está coberta pelo compromisso de apoio dos pefelistas. (EC)
