Oposição vê disputa interna para indicação à sucessão de Lula para 2010

A oposição já acredita que a crise aérea está abrindo uma disputa interna no governo pela indicação para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), avalia que é possível que o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o ministro da Justiça, Tarso Genro, procurem ocupar espaços nas ações para tentar resolver a crise e se credenciar para receber o aval do próprio Lula para sucedê-lo.

Maia acha que o primeiro sinal dessa disputa pode ter ocorrido na última quinta-feira, quando Jobim tomou posse no novo cargo. No mesmo dia em que ele assumiu a vaga aberta pela demissão de Waldir Pires, Tarso decidiu mandar a Polícia Federal investigar os aeroportos. Esse tipo de ação deveria ser tomada pela Anac. A decisão foi tomada só dez meses depois de começar o caos aéreo.

?Na medida em que o ministro Jobim é nomeado com plenos poderes e grande alarde do governo, é natural que o outro ministro, que sonha com presidência, reaja e procure ocupar espaços também. O que não pode é que isso aconteça de forma que haja prejuízo à população com a adoção de medidas erradas?, diz Rodrigo Maia.

Jobim e Tarso são políticos importantes no cenário gaúcho. Tarso se tornou um ministro muito próximo de Lula, especialmente depois da crise provocada pelo escândalo do mensalão, que derrubou a cúpula do PT e causou a saída do governo do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, principal articulador político do presidente.

Na ocasião, Tarso recebeu a tarefa de assumir interinamente o PT para rearrumar a casa. Foi o primeiro ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e depois assumiu o Ministério da Educação. Depois de sair do comando do PT, assumiu o Ministério de Relações Institucionais e agora comanda o Ministério da Justiça.

Já o nome de Jobim surge no contexto da coalizão entre PT e PMDB. Ex-ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, Jobim começou a ser citado como nome possível para formar a chapa presidencial como vice na campanha da reeleição. Nos últimos meses, Lula não esconde dos aliados próximos que não teria problema em apoiar um nome do PMDB para sucedê-lo dentro da coalizão. Jobim e Tarso negam pretensões à sucessão de Lula. Provocado sobre o assunto durante sua posse, o novo ministro da Defesa fugiu da pergunta dizendo que sua mulher, Adrienne Senna, não deixaria.

As informações são de O Estado de S. Paulo

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