Embalados pela prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari, os presidentes dos partidos de oposição ao governo no Congresso – PSDB, PPS, DEM, SD e PV – unificaram nesta quarta-feira, 15, o discurso no movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os dirigentes ainda não decidiram formalizar o pedido, mas definiram que isso será feito em bloco, o que, segundo dizem, deve ocorrer em breve.
A articulação conjunta tenta evitar uma disputa fratricida entre as legendas pelo protagonismo do movimento. O ponto de partida será um conjunto de pareceres jurídicos, encomendado pelo PSDB, que deve ficar pronto até o fim da próxima semana. O presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG), não revelou quem serão os autores.
Além do papel de Vaccari e do eventual uso de dinheiro de propina da Petrobras na campanha de Dilma Rousseff, os tucanos apostam em outros três fatos para respaldar o pedido: a acusação de que a Controladoria Geral da União (CGU) segurou informações sobre propina na estatal até o fim das eleições; o uso irregular dos Correios na campanha eleitoral, como revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo; e a responsabilidade de Dilma por crime fiscal a partir das chamadas “pedaladas fiscais”, com uso de bancos públicos, para fechar as contas da União.
Senado
Principal partido de oposição, o PSDB se abriu de vez para a proposta do impeachment depois da prisão de Vaccari. A ideia de já levantar a bandeira do “Fora Dilma” é defendida com entusiasmo pela bancada de deputados da legenda, mas ainda encontrava resistência entre os senadores tucanos. “O impeachment ainda não é a nossa bandeira, mas há muita pressão vindo das ruas e estão acontecendo fatos novos a cada dia”, pontuou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O aumento do tom dos discursos de Aécio já sinaliza neste sentido. Antes cauteloso, o candidato derrotado na disputa presidencial do ano passado passou a dizer que a palavra impeachment “não é proibida”.
Entre os oposicionistas, havia quem defendesse uma radicalização do processo. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) chegou a sugerir que se pedisse a extinção do PT. Mas depois dos atos de hoje, o tom mudou. A formação do bloco oposicionista ocorre no momento que os líderes dos principais movimentos anti-Dilma decidiram também atuar em conjunto no Congresso. A avaliação dos 25 maiores grupos responsáveis pelas manifestações de março é a de que a atuação nas ruas se esgotou e a hora é de pressionar o Parlamento. Os ativistas fizeram hoje um ato público em frente ao Congresso.
Pela primeira vez, um evento dos grupos contou com a participação de políticos. Diante dos senadores tucanos José Serra (SP), Cássio Cunha Lima (PB) e Álvaro Dias (PR) e de diversos deputados do DEM e do PSDB, os líderes das manifestações leram um manifesto com diversas demandas. O senador Aécio Neves preferiu não comparecer neste primeiro evento.